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terça-feira, 29 de setembro de 2009

Greve dos bancários criminosa e lucrativa para os banqueiros


Greve dos bancários criminosa e lucrativa para os banqueiros
A desigualdade entre o banqueiro e o bancário é clara e oceânica. A riqueza do banqueiro, dizem as “boas” línguas, é fruto do seu próprio trabalho, que é a venda do tempo (os juros dos empréstimos), a exploração a partir das multas, taxas e moras por atrasos, a venda de produtos que mais sugam do que assistem os clientes do banqueiro e etc. E a pobreza do bancário é fruto de quê? Óbvio que dos maus salários e de uma política de remuneração a serviço dom capital e do capitalista que é o banqueiro. O certo seria o bancário ter participação ativa nos lucros do banco, dizem que eles têm, mas isso é um engodo. Na verdade eles ganham comissões míseras, e promoções mentirosas, o verdadeiro ganhador é o banqueiro. De acordo com o BC, o resultado acumulado entre janeiro e junho de 2009 foi de R$ 19,3 bilhões de reais, apesar da crise mundial esse foi o lucro líquido dos bancos privados e públicos do Brasil. Onde, Os bancos públicos lucraram R$ 5,74 bilhões no primeiro semestre, um recuo de 26,7% na comparação com os primeiros seis meses do ano passado. No mesmo espaço de tempo, os ganhos das instituições privadas caíram 23,5%, chegando a R$ 13,6 bilhões na primeira metade deste ano. Coitadinhos, os banqueiros não vão poder fazer turismo na lua, nem poderão trocar seus iates, helicópteros, jatinhos, etc., pois só lucraram no primeiro semestre deste ano os “míseros” 19,3 bilhões de reais, podendo chegar à marca de mais de 40 bilhões de reais até 31 de dezembro.
Não existe banqueiro sem banco, portanto o banco pode existir sem o banqueiro, mas não sem bancários. Não é sem causa o enriquecimento do banqueiro diz-se, origina-se do seu árduo trabalho. E o trabalho do bancário, que supera em muito o do banqueiro porque não origina tanta riqueza? Enquanto o banqueiro come caviar, toma whisky e fuma charutos cubanos, na maior orgia financeira. O bancário passa o dia inteiro trabalhando sob pressão ouvindo o barulho dos computadores. Isso me faz lembrar o poeta Murilo Mendes que no poema Modinha do empregado do banco diz “Passo o dia inteiro pensando nuns carinhos de mulher, mas só ouço o tectec das máquinas de escrever. Lá fora chove e a estátua de Floriano fica linda.Quantas meninas pela vida afora! E eu alinhando no papel as fortunas dos outros. Se eu tivesse estes contos punha a andar a roda da imaginação nos caminhos do mundo. E os fregueses do Banco que não fazem nada com estes contos! Chocam outros contos para não fazerem nada com eles. Também se o diretor tivesse a minha imaginação o Banco já não existiria mais eu estaria noutro lugar”.
A fortuna do banqueiro é fruto do seu trabalho. Ta muito bem explicada. Só falta explicar porque o trabalho do bancário não frutifica tanto quanto o do banqueiro. Agora, qual a intenção da greve, seria realmente de melhores salários? Quem é o maior prejudicado com a greve? A greve é um direito do trabalhador, todavia a greve dos bancários só está a prejudicar os trabalhadores que precisam das agencias para suas atividades financeiras. Quem mais ganhará com a greve são os banqueiros, pois receberão uma fortuna de juros, moras, multas etc., pelos atrasos dos pagamentos. Tudo que a crise mundial tirou dos bancos a greve dos bancários restituirá. Neste momento os banqueiros devem estar no seu gozo contabilizando os lucros da greve.
Por isso afirmamos que a greve é criminosa, pois só interessam aos banqueiros eles é que serão beneficiados. Os bancários foram infelizes por fazerem greve agora, eles deveriam ter pessoas que pensassem a greve, que soubessem como pressionar o banqueiro sem prejudicar o trabalhador. Colocam músicas na frente dos bancos de Raúl Seixas, Alceu Valença, Zé Ramalho, Chico Buarque e etc., falando de luta por direitos, Revolução, liberdade, democracia, paz etc., mas não sabem o que realmente as letras dizem qual sua mensagem e a quem está sendo direcionada seria como cegos guiando cegos não vendo que o maior beneficiado será o banqueiro e o maior prejudicado será o trabalhador. O bancário também é cúmplice do banqueiro, pois ele não luta por justiça social, mas sim pelos seus interesses, aceitam a cobrança de juros abusivos sem reclamar pelo trabalhador, não sabendo ele que ele também é da massa operária que carrega este país nos ombros. Isso me lembra Marx quando diz "Sem sombra de dúvida, a vontade do capitalista consiste em encher os bolsos, o mais que possa. E o que temos a fazer não é divagar acerca da sua vontade, mas investigar o seu poder, os limites desse poder e o caráter desses limites."


Nilton Carvalho é professor, cabeleireiro, teólogo, historiador e pós-graduando em educação pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC). ndc30@hotmail.com; http://historiaeculturandc.blogspot.com/.