Páginas

Translate

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Corações frios em nossos dias
Tenho visto uma crescente frieza nos seres humanos, já não se respeita a dignidade humana. Muitos que se dizem humanos e até serem religiosos estão demonstrando um coração frio na maneira como tratam as outras pessoas. Isso me faz lembrar uma passagem bíblica aonde Jesus afirma “Então vos hão de entregar para serdes atormentados, e matar-vos-ão; e sereis odiados de todas as nações. [...] Nesse tempo, muitos serão escandalizados, e trair-se-ão uns aos outros, e uns aos outros se odiarão. [...] E, por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará”. Isso acontece, na integra entre nós, o pecado, a maldade e toda sorte de transgressão entram na vida de várias pessoas e o resultado final disso tudo é que os corações tornam-se muito frios, prontos para qualquer maldade a qualquer custo.
Parece que estamos voltando ás épocas mais remotas da humanidade onde a força e a violência extremas eram normais no comportamento dos homens. Por exemplo, a violência protagonizada pelos jovens nas escolas é uma realidade inegável. A sociedade terá que se organizar e insurgir-se ativamente contra este fenômeno. A melhor forma de insurreição aqui seria à volta as práticas fraternas e solidarias de outrora, pois não ensinamos nossos filhos o respeito pela vida nem pelo o outro, tampouco pelo próximo. De igual modo, a escola terá que ajustar os seus conteúdos programáticos e acercar-se mais às crianças.
Devido às exigências, as famílias muitas vezes destituem-se da sua função educativa, delegando-a a escola. A escola educa, mas intelectualmente, educa sim, mas para o mercado, continua educando, mas para a maturidade profissional e intelectual e por último, para a vida. No meio de toda esta confusão, estão às crianças, os nossos filhos, que, atuam conforme aquilo que observam e agem consoante os estímulos do meio. Meio esse que por vezes oferece modelos de conduta e referências negativas ou positivas e, este é o papel da família educar moralmente e para a vida. A primazia da família é a educação do respeito ao outro, do respeito e amor à vida. A sociedade mundial tem sido um pouco indiferente relativamente aos seres que são socialmente frágeis e que muitas vezes adotam condutas violentas como forma de proteção e/ ou imitação.
É também, papel do professor acolher o aluno, muito da violência em sala de aula é provocada pelos professores e pelos monitores em geral. Não dar mais para mandar o aluno embora para casa se ele chegar sem uniforme na escola, a mãe pode não ter tido como lavar ou condições para comprar, não se pode humilha a criança que chega de sandálias de dedo na escola o pai pode não ter tido condições de comprar um tênis. Lugar de criança é na creche e na escola, bem acolhida e tratada com respeito e carinho, criança também é ser humano. Não estamos mais na época da ditadura, a escola brasileira precisa de professores acolhedores que escutem os problemas de seus alunos, não há mais espaço para coordenadores ditadores em nossa sociedade. Estas mazelas acontecem por falta de amor e por que os seres humanos possuem corações frios.
Os pais precisam amar seus filhos, não dar para devolver os filhos eles são para sempre, desejáveis ou não eles são filhos dos pais e, estes devem assumi-los. O contrário disso é um coração frio e desumano. O resultado é violência crescente, prostituição infantil; aumento de viciados em drogas cada vez mais precoces. Os culpados são aqueles que os empurraram para esta situação. Toda vez que um pai não ajudou seu filho em um problema, não o orientou, não o assumiu ele criou um ser de coração frio, um marginal, um criminoso sem coração. Óbvio que toda regra tem exceção. Toda vez que um professor ou coordenador jogou para fora um aluno sem acolhê-lo, sem orientá-lo, sem conversar com seus pais, mais corações frios foram criados vide a violência que tão de perto nos assola.
Por fim, é isso que Jesus estava falando que à medida que fossemos desumanos pagaríamos as consequências com o aumento de pessoas más produzidas por nós mesmos. A violência nas escolas e nas ruas não é um fenômeno novo. Todavia, tem vindo a assumir proporções tais que a escola e a sociedade não sabem que medidas tomar para sanar este problema. Com um intuito ávido de conhecer como a escola, a família e em sentido lato a sociedade se organizará na gestão desta problemática tão grave nos dias de hoje devemos refletir qual é a parcela de culpa que temos por uma sociedade tão violenta, sem amor e de coração frio. Pois, nos esquecemos completamente daqueles mandamentos que diziam “não matarás”, “não furtarás”, “não cobiçarás a casa de teu próximo”, e o maior de todos “amarás o próximo como a te mesmo”, quando fizermos isso e ensinarmos isso possa ser que o homem aprenda a amar.
Professor Nilton Carvalho é teólogo, historiador e pós-graduado em educação pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás-(PUC). ndc30@hotmail.com; http://historiaeculturandc.blogspot.com/; http://reformaortografica2009puc.blogspot.com