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quinta-feira, 16 de dezembro de 2010


O professor, sua saúde e sua atividade profissional


As relações entre o trabalho docente, as reais condições sob as quais ele se desenvolve e o possível adoecimento físico e mental dos professores constituem um desafio, para Instituições de Ensino e Estado Brasileiro, e uma necessidade para toda a comunidade escolar entender o processo saúde-doença destes trabalhadores. Averiguando o contexto das políticas que visam à educação para todos, chegou-se à hipótese da defasagem das condições de trabalho em face das metas traçadas e efetivamente alcançadas, as quais acabam gerando sobrecarga nos docentes na realização de suas tarefas, pois devido maus salários precisam trabalhar em mais de um emprego (MEC/INEP, 2004).
A Organização Internacional do Trabalho definiu as condições de trabalho para os professores ao reconhecer o lugar central que estes ocupam na sociedade, uma vez que são os responsáveis pelo preparo do cidadão para a vida. Tais condições buscam basicamente atingir a meta de um ensino eficaz. As transformações sociais, as reformas educacionais e os modelos pedagógicos derivados das condições de trabalho dos professores provocaram mudanças na profissão docente, estimulando a formulação de políticas por parte do Estado (OIT, 1984). Até os anos de 1960, a maior parte dos professores gozava de uma relativa segurança material, de emprego estável e de certo prestígio social. Já a partir dos anos de 1970, a expansão das demandas da população por proteção social provocou o crescimento do funcionalismo e dos serviços públicos gratuitos, entre eles a educação.
Não se pode aqui, esquecer o papel do capitalismo e do liberalismo a partir do início do século XX, mas também do neoliberalismo de nossos dias, na defasagem salarial da atividade docente. Conforme, Antunes (2006), uma múltipla processualidade no mundo do trabalho pode ser percebida: a primeira é a desproletarzação do trabalho industrial fabril, o que significa diminuição da classe operária e migração destes trabalhadores para outras atividades como a docência, por exemplo, a segunda é a incorporação do contingente feminino no mundo do trabalho, aonde se vivencia uma subproletarização intensificada, presente na expansão do trabalho parcial, temporário, precário, subcontratado, “terceirizado”, que marca a sociedade dual no capitalismo avançado, o que joga o professor às margens do mundo do trabalho. Em contraste com profissões que se mantêm com status da nobreza medieval como a Magistratura, por exemplo.
O magistrado, segundo Maltez (1991/92), vem do latim magistratus, derivado de magister “chefe, superintendente” designava, em tempos passados, um funcionário público investido de autoridade. Desta forma um Presidente da República, por exemplo, receberia o epíteto de primeiro magistrado. A palavra latina magistratus tanto significa o cargo de governar (magistratura) como pessoa que governa (magistrado). Na terminologia romana "magistrado" compreende todos os detentores de cargos políticos de consulado para baixo. Inicialmente, os magistrados são os verdadeiros detentores do imperium, que anteriormente tinham os reis. O imperium é um poder absoluto, um poder de soberania; os cidadãos não podem opor-se ao imperium. O magistrado exercia sua autoridade nos limites de uma determinada atribuição, com poderes decorrentes de sua função, como os Juízes, os prefeitos, os governadores e presidentes. Na Antiguidade havia diversos tipos de magistrados, como os cônsules, os pretores, os censores, considerados magistrados maiores, e os edis e questores, os magistrados menores.
Na atualidade a palavra magistrado normalmente remete ao exercício do poder judiciário. No Brasil, os magistrados são tão somente os juízes, membros do Poder Judiciário, apesar de ambas as categorias, magistrados e membros do Ministério Público, gozarem das garantias constitucionais de vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de vencimentos (subsídios). Uma herança das inúmeras injustiças dos tempos medievais europeus e colonial/imperial brasileiro, haja vista, os Magistrados não terem em sua maioria, feito Mestrado ou Doutorado, no máximo são Especialistas. Trabalham bem menos horas por dia, que um professor, tem mais recessos, benefícios e férias que o docente, que na maioria dos casos são mais qualificados e quando são doutores são de fato e de direito e não por tradição. Não se faz aqui nenhuma calunia ou difamação a tão nobre profissão ou profissionais, somente se compara como este (o Magistrado) estuda e trabalha menos e é tão valorizado, e aquele (o docente) estuda tanto e trabalha tanto, e é tão pouco valorizado.
Contudo, o papel do professor extrapolou a mediação do processo de conhecimento do aluno, o que era comumente esperado. Ampliou-se a missão do profissional para além da sala de aula, a fim de garantir uma articulação entre a escola e a comunidade. O professor, além de ensinar, deve participar da gestão e do planejamento escolares, o que significa uma dedicação mais ampla, a qual se estende às famílias e à comunidade. Embora o sucesso da educação dependa do perfil do professor, a administração escolar não fornece os meios pedagógicos necessários à realização das tarefas, cada vez mais complexas (SOUZA 2003). Os professores são compelidos a buscar, então, por seus próprios meios, formas de requalificação que se traduzem em aumento não reconhecido e não remunerado da jornada de trabalho. Por isso, adoece, pois a condição de estresse é de alto desgaste, nesse nível, o professor perde a possibilidade de criar e intervir no trabalho. Ele tem muitas tarefas para desempenhar e não consegue criar soluções para os problemas que aparecem (TEIXEIRA, 2001).
A escola, como instituição que desempenha papel social e, ao mesmo tempo, se constitui em local de trabalho, é caracterizada por uma complexidade de múltiplas relações. Para investigá-la, faz-se necessária a adoção de um enfoque teórico-metodológico que possibilite a análise de suas dimensões objetivas em profundidade e extensão, ao mesmo tempo em que permita a apreensão e a interpretação das percepções dos sujeitos que nela atuam, acerca do problema que se deseja conhecer. A abordagem qualitativa responde a essas condições, uma vez que se preocupa com o universo dos significados, das ações e das relações humanas, e reconhece os sujeitos envolvidos na investigação, como capazes de elaborar conhecimentos e produzir práticas para intervir nos problemas do trabalho docente e as possíveis doenças adquiridas pela atividade profissional. O docente desempenha papel fundamental, porém se concebe aqui o conhecimento como uma obra coletiva em que todos os envolvidos, Escola, Universidade e Estado, podem identificar criticamente seus problemas e suas necessidades, encontrar alternativas e propor estratégias adequadas de ação para que o trabalho docente não seja sinônimo de doenças (CHIZZOTTI, 1998).
Por fim, os professores questionam as mudanças que se vem operando nas escolas, o que se apresenta por meio de uma crise de confiança no sentido e na qualidade da educação e nas repercussões sobre o seu trabalho. A intensificação do trabalho torna-se cada vez maior, mas as condições de trabalho, a estrutura encontrada na escola e a valorização de seus salários alteram-se pouco, deixando os professores mais expostos a críticas e, ao mesmo tempo, responsabilizando-os individualmente pelos males que atingem a escola e a má atuação do discente em face aos exames nacionais de desempenho escolar e do estudante. Por isso, docentes de todos os níveis devem se unir para forçar Instituições de Ensino e Estado, na busca da valorização da profissão e do profissional, da melhora da estrutura do espaço em que trabalham e na formulação de plano de carreira que exija qualidade e quantidade, mas também toda a assistência médico-hospitalar que for necessária. O professor precisa deixar a “Idade Média” no sentido de direitos e valores, não é justo ser tratado como camponeses; classe que não tinha o direito de movimento, de ascensão, haja vista, a sociedade ser organizada por estamentos, que é caracterizada pela pouca mobilidade social, o que parece ser este o desejo das classes que dominam que o professor seja marginal.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


ANTUNES, RICARDO. Adeus ao trabalho?: Ensaios sobre as metamorfoses e a centralidade do mundo do trabalho. 11. ed. São Paulo: Cotez; Campinas, SP: UNICAMP, 2006.
CHIZZOTTI, A. Pesquisas em ciências humanas e sociais. 2. ed. São Paulo: Cortez, 1998.
MALTEZ, José Adelino, Princípios Gerais de Direito — Uma Perspectiva Politológica. Tomo I — O Ambiente do Direito, ed. AEISCSP, Lisboa, 1991/1992.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA. O déficit de professores no país O déficit de professores no país. Disponível em: portaldoprofessor.inep.gov.br/ estatisticas.jsp
ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO. A condição dos professores A condição dos professores: recomendação Internacional de 1966, um instrumento para a melhoria da condição dos professores. Genebra: OIT/ Unesco, 1984.
SOUZA, K. R. Trajetória do Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação do Rio de Janeiro (SEPE-RJ) na luta pela saúde no trabalho. 2003. Disponível em, http://www.scielosp.org/pdf/csc/v8n4/a27v8n4.pdf. Acesso em 10/12/2010.
TEIXEIRA, L. H. G. Políticas públicas de educação e mudança nas escolas: um estudo da cultura escolar. In: OLIVEIRA, D. A.; DUARTE, M. R. T. (Orgs.) Política e trabalho na escola: administração dos sistemas de educação básica. 2.ed., Vozes, Rio de Janeiro, 2001.

Professor Nilton Carvalho é teólogo, historiador, especialista em educação pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás-(PUC), mestrando em Ciências da Religião pela Faculdade Teológica Moriah de Niterói-RJ. ndc30@hotmail.com;http://historiaeculturandc.blogspot.com/; http://twitter.com/#!/profnilton07

terça-feira, 23 de novembro de 2010


O bullying começa em casa

O objeto deste artigo é esclarecer pais, professores e alunos que o bullying é mais comum do que o que parece, pois o mesmo começa dentro dos próprios lares. Mas a situação não é para perplexidade como parece. O que precisa ser feito por parte de pais, alunos e educadores é reconhecer que isso é real e que todos os dias no ceio familiar acontece uma forma ou outra de bullying. As soluções são simples, práticas e de fácil execução por parte de todos é só ter boa vontade de mudar essa realidade começando pelo lar.
Não se pretende dizer aqui que combater o bullying é simples, mas acreditar sinceramente que, se poderá orientar à criança, os pais e os educadores controlarem e lidar com os autores do bullying de maneira eficaz, sim, é o que se crer. Bullying é um termo em inglês utilizado para descrever atos de violência física ou psicológica com repetição e intenção de ofender, praticados por um indivíduo (bully - «tiranete» ou «valentão») ou grupo de indivíduos com o objetivo de intimidar ou agredir outro indivíduo (ou grupo de indivíduos) incapaz (es) de se defender. Também existem as vítimas/agressoras, ou autores/alvos, que em determinados momentos cometem agressões, porém também são vítimas de bullying pela turma. Todavia, a discriminação, o preconceito, a intolerância e a homofobia, também são mecanismos diretos e indiretos do bullying.
No lar ele começa quando os pais colocam apelidos nos filhos, chamando-os de ‘rolha de poço’, ‘ceguinho’, ‘tartaruga’, ‘molenga’, ‘medroso’, ‘pangaré’, ‘mocinha’, ‘cabelo de mola’ e outros apelidos semelhantes. Os pais inconscientemente grafam nas mentes de seus filhos todas essas aberrações que eles reproduzirão em público e, o local mais propício é a escola. Na escola, professores e seus pares praticam a mesma coisa quando chamam seus alunos por apelidos também. Há casos que testemunhei de professores, porteiros, merendeiras, coordenadores etc., chamarem alunos de ‘passa fome’, ‘mulherzinha’, ‘homenzinho’, ‘chegou o senhor atrasado’, ‘maluquinho’, ‘quatro olhos’, ‘gaucho’, etc., então a conclusão que se chega é que nós mesmos enquanto sociedade que vive em família somos os causadores e criadores do bullying, só não reconhece isso quem não quiser.
O bullying é um problema mundial, podendo ocorrer em praticamente qualquer contexto no qual as pessoas interajam, tais como escola, faculdade/universidade, família, mas pode ocorrer também no local de trabalho e entre vizinhos. Há uma tendência de as escolas não admitirem a ocorrência do bullying entre seus alunos; ou desconhecem o problema ou se negam a enfrentá-lo.
As pessoas que testemunham o bullying, na grande maioria, alunos, convivem com a violência e se silenciam em razão de temerem se tornar as “próximas vítimas” do agressor. No espaço escolar, quando não ocorre uma efetiva intervenção contra o bullying, o ambiente fica contaminado e os alunos, sem exceção, são afetados negativamente, experimentando sentimentos de medo e ansiedade. As crianças ou adolescentes que sofrem bullying podem se tornar adultos com sentimentos negativos e baixa autoestima. Tendem a adquirir sérios problemas de relacionamento, podendo, inclusive, contrair comportamento agressivo. Em casos extremos, a vítima poderá tentar ou cometer suicídio.
Quem pratica as agressões geralmente são pessoas que têm pouca empatia, membros de famílias desestruturadas, em que o relacionamento afetivo entre seus componentes tende a ser escasso ou precário. Por outro lado, o alvo dos agressores geralmente são pessoas pouco sociáveis, com baixa capacidade de reação ou de fazer cessar os atos prejudiciais contra si e possuem forte sentimento de insegurança, o que os impede de solicitar ajuda. Por isso, conclui-se que é sim um problema que começa no lar e toma a sociedade. No Brasil, uma pesquisa realizada em 2010 com alunos de escolas públicas e particulares revelou que as humilhações típicas do bullying são comuns em alunos da 5ª e 6ª séries. As três cidades brasileiras com maior incidência dessa prática são: Brasília, Belo Horizonte e Curitiba.


Professor Nilton Carvalho é cabeleireiro, teólogo, historiador, especialista em educação pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás-(PUC), mestrando em Ciências da Religião pela Faculdade Teológica Moriah de Niterói-RJ. ndc30@hotmail.com; http://historiaeculturandc.blogspot.com/; http://reformaortografica2009puc.blogspot.com

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Características da educação no Brasil

As ideias que sustentaram a criação dos sistemas nacionais de ensino em quase todo o mundo chegaram ao Brasil de forma assistemática, desorganizado. Mesmo porque não havia uma configuração das forças políticas e sociais, no que tange à educação como um elemento importante para o País. A verdade é que não havia condições sociais e pedagógicas que estimulassem o desenvolvimento da nova forma de entender a escolarização. De um lado, havia uma preocupação com a formação cívica, nacionalista, e, de outro, um regime republicano que não empreendia esforços para enfrentar o problema educacional.
Desde então a problemática na educação vem sendo discutida e debatida, sem se chegar nunca a lugar nenhum. A causa do insucesso do aluno, que está na forma como a escola ensina e não na criança é um exemplo clássico deste legado maldito das primeiras políticas educacionais do Brasil. Várias justificativas para o fato de as crianças não se adaptarem à escola e abandonarem os estudos são publicadas todos os dias, contudo um panorama histórico de como foi à gênese de nossa educação cai no esquecimento ficando cada vez mais difícil entender o porquê de tantos problemas em nosso sistema educacional.
Muitos acreditam que isso acontece devido a carências afetivas, físicas, cognitivas dos alunos ou por eles virem de lares desfeitos, pais desinteressados, etc. O fracasso nos estudos, na maioria das crianças provenientes de meios culturalmente distintos daqueles valorizados pelo ambiente escolar, é decorrência da própria escola e não da vida pessoal do aluno, como diria Antônio da Costa Neto “[...] é preciso levar o educador a perceber o seu real papel em relação às pessoas, à escola, à sociedade, despertando, então, a sua capacidade de crítica interna. Compreender os fins ideológicos, não confessos e impostos por certa razão pedagógica interagindo em suas próprias fragilidades, superando a sua percepção até certo ponto ingênua”. Ou seja, a escola e também o professor precisam acolher o aluno e sua realidade sócio-cultural e não ficar engessados a uma liturgia pedagógica, como se fosse uma ação mágica onde todos aprenderão de igual modo, porque o educador democrático não pode negar-se o dever de, na prática docente, reforçar a capacidade crítica do educando, sua curiosidade, sua submissão.
Hoje em dia, há uma forte consciência de que a educação formal que uma criança recebe é mais que um benefício para ela e sua família, é fator indispensável para o desenvolvimento e a qualidade de vida do próprio país. Mas não é com palavras que se muda uma política educacional já desgastada é com ações. A causa do insucesso do aluno está na forma como a escola ensina e não na criança. Dados mostram que de cada cem crianças matriculadas no primeiro ano da educação fundamental somente cinquenta por cento chegam ao nono ano. Pesquisas na área educacional apontam que um terço dos brasileiros frequenta diariamente a escola. São mais de 2,7 milhões de professores e 59 milhões de estudantes matriculados em todos os níveis de ensino. Estes números apontam um crescimento no nível de escolaridade do povo brasileiro, fator considerado importante para a melhoria do nível de desenvolvimento de nosso país.
Por fim, considera-se a educação um dos setores mais importantes para o desenvolvimento de uma nação. É através da produção de conhecimentos que um país cresce, aumentando sua renda e a qualidade de vida das pessoas. Embora o Brasil tenha avançado neste campo nas últimas décadas, ainda há muito para ser feito. A escola (Ensino Fundamental e Médio) ou a universidade tornaram-se locais de grande importância para a ascensão social e muitas famílias tem investido muito neste setor. Por isso, a necessidade de políticas modernas, professores preparados e vocacionados, pois muitos que estão em sala deveriam estar em outro lugar, como diria Carlos Drummond de Andrade “Deus que livre você de um professor incompetente. [...] Deus que livre você de ficar passivo, ouvindo e repetindo. [...] Deus que livre você de decorar sem entender. [...] Deus que livre você de uma escola em que tenha que copiar pontos.”

Professor Nilton Carvalho é cabeleireiro, teólogo, historiador, especialista em educação pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás-(PUC), mestrando em Ciências da Religião pela Faculdade Teológica Moriah de Niterói-RJ. ndc30@hotmail.com; http://historiaeculturandc.blogspot.com/; http://reformaortografica2009puc.blogspot.com

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Fui vítima de abuso e preconceito religioso e político-partidário


Fui vítima de abuso e preconceito religioso e político-partidário
É triste, muito triste que em pleno século XXI, qualquer um de nós seja vítima de qualquer espécie de preconceito ou intolerância, quer seja racial, política, sexual ou religiosa, em fim, discriminação por qualquer que seja sua consciência, orientação, preferência etc., desde o século XV, as conquistas marítimas e o contato mercantil com a Ásia ampliaram o comércio e a diversificação dos produtos de consumo e também, a cultura na Europa, este rico contato trouxe ao ocidente várias diversidades culturais que associados aos valores greco-romanos que afloravam no velho continente naquele momento, vêm desde então dando aos dias atuais a sensação de liberdade e ao mesmo tempo, a sensação de que ainda estamos na Idade Média.
Com o aumento do comércio, principalmente com o Oriente, muitos comerciantes europeus fizeram riquezas e acumularam fortunas, devido o advento do capitalismo associado ao protestantismo, é bom lembrar que a religião sempre esteve intimamente ligada aos sistemas econômicos e aos modos de produção ao longo da história da humanidade. Com isso, eles dispunham de condições financeiras para investir na produção artística de escultores, pintores, músicos, arquitetos, escritores, atores, filósofos etc. e isso vêm desde então sendo praticado. Hoje, tanto Estado quando iniciativas privadas investem em cultura, política, esporte, arte e religião.
Os governantes europeus a partir do século XV e o clero passaram a dar proteção e ajuda financeira aos artistas e intelectuais da época. Essa ajuda, conhecida como mecenato, tinha por objetivo fazer com que esses mecenas (governantes e burgueses) se tornassem mais populares entre as populações das regiões onde atuavam algo muito comum hoje em dia, com certos setores da imprensa brasileira. Neste período, eram muito comuns as famílias nobres, encomendarem pinturas (retratos) e esculturas junto aos artistas. Essa era uma maneira peculiar de manipular, comprar e tornar cativa a vontade do artista.
Foi na Península Itálica que o comércio mais se desenvolveu neste período, dando origem a uma grande quantidade de locais de produção artística. Cidades como, por exemplo, Veneza, Florença e Gênova tiveram um expressivo movimento artístico e intelectual. Por este motivo, a Itália passou a ser conhecida como o berço do Renascimento cultural.
Para quem não sabe; nós somos frutos deste renascimento, por isso diria “sejam bem vindos à civilização greco-romana.” Mas uma pergunta é preciso: Onde está o nosso renascimento cultural se ainda não somos capazes de conviver com a diferença e com o diferente? É o que quero falar a partir de agora. O preconceito é uma idéia ou uma opinião negativa sobre um grupo de pessoas ou sobre determinado assunto, formada de modo precipitado, sem conhecimento profundo e reflexão necessária.
O preconceito leva à discriminação, à exclusão e à violência. A discriminação é o tratamento desigual às pessoas com direitos iguais, negando a elas as mesmas oportunidades. Uma discriminação pode ser sofrida por minorias étnicas, religiosas, grupos de tradições nacionais e culturais, ideologias políticas etc. a discriminação pode ser também, dirigida a idosos, mulheres, pessoas pobres, deficientes e de diferentes orientações sexuais. O pensamento preconceituoso e as atitudes de discriminação revelam e acentuam as desigualdades entre as pessoas. E, por isso, combater o preconceito e a discriminação é ajudar a construir uma sociedade democrática e igualitária, em que a felicidade coletiva seja uma realidade possível. A Constituição Federal, a lei máxima em nosso país, afirma que todos nós somos iguais perante a lei, não sendo admitidos preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade, ou quaisquer outras formas de discriminação.
Também existem princípios éticos para prevenir a discriminação. A Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) dispõe que “toda pessoa tem todos os direitos e liberdades (...), sem distinção alguma de raça, cor, sexo, idioma, religião, opinião política ou de qualquer outra índole, origem nacional ou social, posição econômica, nascimento ou qualquer outra condição.” Com certeza, os religiosos que tentaram exorcizar-me por ser evangélico; marxista-heterodoxo e declarar minha preferência política em um almoço familiar dia 12/10/2010 nunca leram tais verdades. Por isso, onde está nosso renascimento cultural?

Professor Nilton Carvalho é cabeleireiro, teólogo, historiador, especialista em educação pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás-(PUC), mestrando em Ciências da Religião pela Faculdade Teológica Moriah de Niterói-RJ. ndc30@hotmail.com; http://historiaeculturandc.blogspot.com/; http://reformaortografica2009puc.blogspot.com

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

 ENADE 2010

O Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), que integra o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes), tem o objetivo de aferir o rendimento dos alunos dos cursos de graduação em relação aos conteúdos programáticos, suas habilidades e competências. Desde, sua implantação pela Lei nº 10.861, de 14 de abril de 2004: Criação do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior; Portaria nº 2.051, de 9 de julho de 2004 (Regulamentação do Sinaes) e Portaria nº 107, de 22 de julho de 2004 (Regulamentação do Enade), percebeu-se que houve grande avanço na qualidade da educação superior no Brasil, mas não só por parte dos discentes, mas principalmente, essa melhora aconteceu com o docente, que investe muito a partir de então em educação continuada (especialização, mestrado e doutorado).
          Todavia, o Enade é componente curricular obrigatório dos cursos de graduação, sendo inscrita no histórico escolar do estudante somente a sua situação regular com relação a essa obrigação. O objeto do Enade é avaliar o desempenho dos estudantes com relação aos conteúdos programáticos previstos nas diretrizes curriculares dos cursos de graduação, o desenvolvimento de competências e habilidades necessárias ao aprofundamento da formação geral e profissional, e o nível de atualização dos estudantes com relação à realidade brasileira e mundial, integrando o Sinaes, juntamente com a avaliação institucional e a avaliação dos cursos de graduação.
          O cronograma do Enade 2010 (Exame Nacional de Desempenho de Estudantes) sofreu alteração para ajustar-se às datas do ENEM 2010 (Exame Nacional de Ensino Médio). As provas, inicialmente agendadas para o dia 7 de novembro, passarão a ser aplicadas no dia 21 do mesmo mês, a partir das 13h. As modificações foram publicadas no Diário Oficial da União, em 3 de maio.
Nesta edição, o exame avaliará cerca de mais de 450 mil estudantes de 4,5 mil cursos. Serão avaliados os alunos dos cursos superiores conforme a Portaria Normativa nº. 5, de 22 de fevereiro de 2010, pelo Enade 2010, os cursos que conferem diploma de bacharel das áreas de Agronomia, Biomedicina, Educação Física, Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Fonoaudilogia, Medicina, Medicina Veterinária, Nutrição, Odontologia, Serviço Social, Terapia Ocupacional e Zootecnia; e os cursos que conferem diploma de tecnólogo em Agroindústria, Agronegócios, Gestão Hospitalar, Gestão Ambiental e Radiologia. Os dirigentes das IES são responsáveis pela inscrição de todos os estudantes habilitados ao ENADE 2010, no período de 02 a 31 de agosto de 2010, por meio do endereço eletrônico http://enade.inep.gov.br, segundo as orientações técnicas do INEP. Conforme disposto no art. 5º, § 7º da Lei nº. 10.861/2004, a não-inscrição de alunos habilitados para participação no ENADE, nos prazos estipulados nesta Portaria Normativa, poderá ensejar a suspensão temporária da abertura pela IES de processo seletivo para os cursos referidos no artigo 1º desta Portaria Normativa.
          É de responsabilidade dos dirigentes das IES divulgar amplamente, junto ao seu corpo discente, a lista dos estudantes habilitados ao ENADE 2010, antes do envio do cadastro dos estudantes ao INEP. O INEP divulgará, até o dia 20 de setembro de 2010, a lista dos estudantes que participarão no ENADE 2010, e até o dia 22 de outubro de 2010, os respectivos locais onde serão aplicadas as provas.
Por fim, o Enade contempla estudantes ingressantes que até o dia 2 de agosto tiverem concluído entre 7% e 22% da carga horária mínima do curso superior e os concluintes que tenham cursado pelo menos 80% da carga horária da graduação com previsão de formação no ano letivo de 2010. Para os cursos superiores de tecnologia, serão considerados ingressantes aqueles que tiverem concluído entre 7% e 25% da carga horária mínima do currículo. Os concluintes deverão ter cursado pelo menos 75% do programa. Estão dispensados da avaliação os estudantes que tiverem colado grau até o dia 31 de agosto de 2010 e aqueles que estiverem oficialmente matriculados e cursando atividades curriculares fora do Brasil na data de realização do exame em instituição conveniada com a instituição de origem do estudante.

          Professor Nilton Carvalho é cabeleireiro, teólogo, historiador, especialista em educação pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás-(PUC) e mestrando em Ciências da Religião. 
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quinta-feira, 12 de agosto de 2010

A história na arquitetura da cidade de Goiás


A cidade de Goiás fica a 140 km da capital, com acesso pela GO-070. Saem ônibus regularmente de Goiânia podendo o turista usar esse transporte se assim quiser. A cidade de Goiás, ou “Goiás Velho”, como também é chamada por alguns, guarda um patrimônio arquitetônico e cultural dos mais ricos do país, podendo a partir de sua visitação e de breves relatos informar sobre sua rica história e sobre a história de nosso glorioso Estado. Tanto que, em 2001, o centro histórico foi declarado Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO. Suas ruas tranquilas mantêm o calçamento original de pedras e os prédios históricos do século XVIII mostram uma arquitetura colonial em que prevalece a simplicidade com poucas influências do barroco.
A origem da cidade está ligada à exploração do território brasileiro pelos bandeirantes paulistas. No início do século XVIII, vilarejos provisórios eram erguidos para abrigar os mineradores de ouro. O Arraial de Sant'Anna, fundado por Bartolomeu Bueno da Silva, em 1725 na margem do rio Vermelho, se tornaria a atual cidade de Goiás, mas antes, também foi chamada de Vila Boa. Vila Boa tão cantada nas belíssimas canções de cantores goianos como Marcelo Barra, por exemplo. Por volta de 1750, torna-se a capital da recém-criada capitania de Goiás, desmembrada da capitania de São Paulo.
Tudo na cidade permite que se entre em contato com a história. Basta andar pelas ruas, entrar nas igrejas, admirar as construções antigas, ir ver a casa onde viveu sua mais ilustre moradora, a poetisa Cora Coralina, ou conhecer o Museu das Bandeiras. Nos doces e nas manifestações religiosas, como a impressionante Procissão do Fogaréu da Semana Santa, permanecem as raízes culturais do passado. Para quem gosta de curtir a natureza, são organizadas caminhadas na reserva ambiental da Serra Dourada, que se ergue em um dos lados da cidade. Além das pousadas do centro histórico, há hotéis instalados nas fazendas dos arredores, tudo na cidade de Goiás é história pra onde os olhos virarem verão algo que estará intimamente ligado ao conteúdo histórico da antiga capital goiana.
As Igrejas são quase todas do século XVIII e revelam simplicidade de estilo. A Igreja da Boa Morte (1779) é a única que apresenta elementos típicos do barroco na fachada. Abriga o Museu de Arte Sacra, com destaque para as imagens de Veiga Valle, escultor local, que viveu no século XIX. Merecem ser vistas também as igrejas São Francisco de Paula (1761), N.S. do Carmo (1786), N.S. da Abadia (1790) e de Santa Bárbara (1780), em cada um destes lugares se terá contato direto com a história dali. Em 1918, o saudoso escritor e poeta Luis do Couto, trouxe para a Cidade de Goiás a Cruz do Anhanguera, que foi instalada as margens do Rio Vermelho onde existiu no local, a igreja da Lapa, levada pela grande enchente de 1839. Na enchente do dia 31 de dezembro de 2001 este monumento foi levado pela correnteza. Dias depois a Cruz do Anhanguera foi encontrada dentro do leito do Rio Vermelho. O monumento se encontra hoje totalmente reconstruído (O cruzeiro original se encontra no Museu das Bandeiras).
No grande prédio construído em 1761, onde funcionaram a cadeia, a câmara e a justiça, fica o Museu das Bandeiras, que expõe objetos usados na exploração do ouro. O Palácio Conde dos Arcos (1755), onde há um museu, foi construído para acomodar o governador da capitania. Todo ano, no aniversário da cidade, abriga a sede do governo, que se transfere de Goiânia por alguns dias. Outras construções significativas são o Quartel do XX (1747), a Casa do Bispo e os chafarizes da Boa Morte e do Largo da Carioca.
Por fim, o casarão onde viveu a poetisa e doceira Cora Coralina fica na cabeceira da ponte sobre o rio Vermelho. Uma das primeiras construções de Goiás é uma típica residência do século XVIII e inspirou alguns de seus poemas. Em uma parte da casa foi montado um pequeno museu que homenageia a mais famosa das filhas de Goiás. Uma antiga tradição da cidade são os alfenins, doces de origem portuguesa, preparados com açúcar e polvilho com simpáticos formatos de animais. Os doces de frutas cristalizadas também são famosos e se pode acompanhar o trabalho das doceiras. A história está lá na cidade de Goiás, está em suas ruas, em seus prédios e casarões, em sua arquitetura e em seu povo, Goiás, Goiás, Goiás!
“Que eu possa agradecer a Vós,
minha cama estreita,
minhas coisinhas pobres,
minha casa de chão,
pedras e tábuas remontadas.
E ter sempre um feixe de lenha
debaixo do meu fogão de taipa,
e acender, eu mesma,
o fogo alegre da minha casa
na manhã de um novo dia que começa. ”(Cora Coralina, poema Humildade)
Professor Nilton Carvalho é teólogo, historiador e pós-graduado em educação pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás-(PUC). ndc30@hotmail.com; http://historiaeculturandc.blogspot.com/; http://reformaortografica2009puc.blogspot.com



sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Divorciados e felizes

O estado civil é um estado que não conta para a nossa realização ou não realização. O estado de espírito, esse sim é importante. O estado de espírito com que encaramos o nosso dia a dia, o estado de espírito com que enfrentamos os novos desafios, enfim, o estado de espírito que decidimos adotar para sermos nós próprios, quiçá, muitas vezes, pela primeira vez, podermos ser donos e senhores do nosso destino. A família é uma instituição muito flexível e um lar pode ser construído e constituído até por um único membro, óbvio que a parceria, a cumplicidade, a amizade, o encanto e a magia do ato conjugal e tudo que envolve a sexualidade é indescritivelmente prazeroso quando se é feliz e quando tudo vai bem. Contudo, quando chegam às nuvens negras e o casamento acaba não é o fim de nossas vidas.
Creio no casamento para sempre, mas creio também que ninguém nasceu para viver o martírio da infelicidade eterna em um tenebroso casamento. O matrimônio é feito e edificado sobre a égide do amor, do diálogo, do prazer e da cumplicidade, faltando isto e não havendo mais possibilidades de restauração já esgotadas todas as tentativas, então o inevitável acontece. Vem a separação e a quebra da aliança matrimonial. E em muitos casos isso é o melhor, pois podemos está falando de traições, agressões e sérios desentendimentos. Como disse certo poeta o casamento é a única coisa que pode fazer com que inimigos habitem a mesma casa. Mas, até quando? O casamento é uma benção divina, creio nisso, mas quando é uma benção mesmo.
Há vida depois do "fim do mundo" (e não é nada má!), é como se o mundo tivesse acabado que muitos enfrentam o divórcio. Os números não param de subir, mais de um em cada quatro casamentos terminam em divórcio, e o aumento das taxas de divórcio tem sido, nos últimos anos, estrondoso. O que fará com que o divórcio, citado como um dos acontecimentos mais negativamente marcantes na vida de alguém seja cada vez mais a saída? Poderemos atuar no sentido de prevenir o crescimento destas taxas? Sim, poderemos desde que tratemos a constituição de uma família como algo sério e para sempre e, não, o divórcio não é a melhor opção desde que haja amor, fidelidade e respeito. Os problemas poderão ser sanados é só buscar ajuda especializada em cursos, encontros e orientações matrimoniais. Mas se nada deu certo e o produto disso tudo foi o divórcio a vida não acaba ai, dá pra ser feliz e recomeçar de novo. Tanto homem quanto mulher podem sim encontrar a felicidade e o prazer de ter uma nova família.
Portanto, dá sim para ser feliz e divorciado, para tal é necessário três coisas básicas a primeira é perdoar o ex-cônjuge, a segunda é acreditar que você é capaz de fazer alguém feliz sendo feliz também, a última é não anular o ex-parceiro/parceira (exceto se há violência envolvida ai é outra orientação), ele/ela fará para sempre parte de sua vida se tiverem tido filhos, poderá continuar amando seus parentes e se relacionando com eles e com seus amigos, isso não diminuirá sua eficiência e afetividade em seu novo relacionamento. A amizade, o perdão e a boa convivência são fundamentais para a felicidade pós-divórcio.
Por fim, a felicidade pós-divórcio depende de nós mesmos e não dos outros. Ser feliz é um modo de pensar e de sentir é um estado de espírito. Quem não se sente feliz, basta mudar seu modo de pensar, de sentir e de agir e toda a tempestade passará. Assim nossas vidas mudarão em todos os sentidos. A mudança será para nossa felicidade, devemos, pois, trabalhar para eliminarmos as coisas que nos causam infelicidades e angustias tudo dependerá de nosso enfoque, passando pelo perdão e acreditando em tudo novo. Dá para ser feliz sim.
Professor Nilton Carvalho é teólogo, historiador e pós-graduado em educação pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás-(PUC). ndc30@hotmail.com; http://historiaeculturandc.blogspot.com/; http://reformaortografica2009puc.blogspot.com

quinta-feira, 5 de agosto de 2010


O calvário dos professores da rede municipal de Goiânia

Os professores municipais paralisaram as atividades no dia 20 de maio. É uma vergonha o que essa administração petista vem fazendo com a educação municipal em Goiânia, quando eram oposição mentiram quando deram apoio aos professores grevistas, mentiram sim, pois agora que são situação se quer respeitam o piso nacional que foi sancionado na atual brilhante administração petista bem diferente da municipal. O Sr. Paulo Garcia deveria se envergonhar juntamente com todos os secretários e vereadores. Por que eles não reduzem seus salários e aprovam um salário mínimo de R$ 3.000,00 para os professores em início de carreira? Eles têm vale-tudo (Terno, gasolina celular, moradia, verba de gabinete e outras) e os professores “vale-nada” se quer boas condições de trabalho, é uma questão de falta de vergonha mesmo, de práticas elitistas e aristocráticas outrora tão combatida pelo PT goiano e agora praticadas de forma leviana e covarde por essa administração e isso faz com que essa administração perca a credibilidade em ano eleitoral.
A greve já contabiliza mais de 70 dias contando os dias previstos no calendário escolar de 2010, as férias de julho, feriados e finais de semana. Os professores reivindicam piso salarial de 1.300,00 reais e a prefeitura sugere que o valor fique em 1.024,00 reais. Professores da Rede Municipal de Educação paralisaram por tempo indeterminado as atividades para cobrar do poder público o retorno da discussão do projeto de lei nº 17/2010, na Câmara Municipal de Goiânia que implantaria o piso salarial profissional nacional para os professores. A proposta foi encaminhada à Câmara pelo ex-prefeito, Iris Rezende. Aonde foi apresentada uma proposta de salário de R$ 1.312,00. No entanto, alguns vereadores incluíram emendas alterando o projeto, que foi retirado de pauta por solicitação do atual prefeito Paulo Garcia para análise técnica (Portal 730).
Contudo, R$ 1.024,00 ou R$ 1.312,00 não são suficientes para a manutenção de forma digna de uma família e de uma profissão tão importante como a de professor, o professor precisa continuar sua formação onde em média um mestrado, por exemplo, custa em torno de vinte parcelas de R$ 1.277,00, isso não é no mínimo discrepante? O piso nacional para professores em início de carreira na educação básica da rede federal é de graduados R$ 2.757,64; especialistas R$ 3.077,28; mestres R$ 4.094,25 e doutores de R$ 6.055,01(Fonte: edital IFG 2010 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás; Edital nº 030*, de 29 de abril de 2010). O que ainda é pouco mais já é uma grande conquista, pois a oito anos atrás os valores eram menos da metade do que é hoje e, essa conquista toda é graças a atuação do Governo Lula que vem valorizando a classe de forma gradativa e atuante mudando a realidade da educação brasileira, algo que deveria ser tendência em todas as cidades e Estados brasileiros, principalmente aonde o PT estivesse administrando o que não percebemos aqui em Goiânia, por exemplo.
Segundo levantamento do G1, o prefeito de Goiânia tem um salário de R$ 12,72 mil mensais, entre as câmaras municipais de vereadores, Goiânia tem hoje o oitavo maior subsídio entre as 26 capitais estaduais. Cada um dos 35 vereadores da capital goiana recebe por mês R$ 9,4 mil, mais subsídios e verbas de gabinete.
De acordo com a Constituição Federal, o subsídio dos vereadores deve ser fixado pelas respectivas câmaras municipais em cada legislatura para a subsequente, observando os limites máximos de remuneração, de acordo com o número de habitantes do município. Em municípios de até 10 mil habitantes, o salário máximo dos vereadores corresponderá a 20% do subsídio dos deputados estaduais; de 10 mil a 50 mil, a 30%; de 50 mil a 100 mil, a 40%; de 100 mil a 300 mil, a 50%; de 300 mil a 500 mil, a 60%; e mais de 500 mil, a 75%. Diferentemente do caso dos vereadores, a Constituição não estabelece um limite específico para a remuneração dos prefeitos. Conforme a Constituição, o teto para a remuneração de todos os agentes públicos é o subsídio dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF): R$ 24,5 mil. Só para lembrar neste momento a Câmara Federal está aumentando seus salários o que refletirá em efeito cascata Brasil afora. Mas os professores estão segundo o prefeito Paulo Garcia e sua Câmara Municipal; bem pagos com R$1.024,00, seguindo então o seu calvário.

Professor Nilton Carvalho é teólogo, historiador e pós-graduado em educação pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás-(PUC). ndc30@hotmail.com; http://historiaeculturandc.blogspot.com/; http://reformaortografica2009puc.blogspot.com

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Corações frios em nossos dias
Tenho visto uma crescente frieza nos seres humanos, já não se respeita a dignidade humana. Muitos que se dizem humanos e até serem religiosos estão demonstrando um coração frio na maneira como tratam as outras pessoas. Isso me faz lembrar uma passagem bíblica aonde Jesus afirma “Então vos hão de entregar para serdes atormentados, e matar-vos-ão; e sereis odiados de todas as nações. [...] Nesse tempo, muitos serão escandalizados, e trair-se-ão uns aos outros, e uns aos outros se odiarão. [...] E, por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará”. Isso acontece, na integra entre nós, o pecado, a maldade e toda sorte de transgressão entram na vida de várias pessoas e o resultado final disso tudo é que os corações tornam-se muito frios, prontos para qualquer maldade a qualquer custo.
Parece que estamos voltando ás épocas mais remotas da humanidade onde a força e a violência extremas eram normais no comportamento dos homens. Por exemplo, a violência protagonizada pelos jovens nas escolas é uma realidade inegável. A sociedade terá que se organizar e insurgir-se ativamente contra este fenômeno. A melhor forma de insurreição aqui seria à volta as práticas fraternas e solidarias de outrora, pois não ensinamos nossos filhos o respeito pela vida nem pelo o outro, tampouco pelo próximo. De igual modo, a escola terá que ajustar os seus conteúdos programáticos e acercar-se mais às crianças.
Devido às exigências, as famílias muitas vezes destituem-se da sua função educativa, delegando-a a escola. A escola educa, mas intelectualmente, educa sim, mas para o mercado, continua educando, mas para a maturidade profissional e intelectual e por último, para a vida. No meio de toda esta confusão, estão às crianças, os nossos filhos, que, atuam conforme aquilo que observam e agem consoante os estímulos do meio. Meio esse que por vezes oferece modelos de conduta e referências negativas ou positivas e, este é o papel da família educar moralmente e para a vida. A primazia da família é a educação do respeito ao outro, do respeito e amor à vida. A sociedade mundial tem sido um pouco indiferente relativamente aos seres que são socialmente frágeis e que muitas vezes adotam condutas violentas como forma de proteção e/ ou imitação.
É também, papel do professor acolher o aluno, muito da violência em sala de aula é provocada pelos professores e pelos monitores em geral. Não dar mais para mandar o aluno embora para casa se ele chegar sem uniforme na escola, a mãe pode não ter tido como lavar ou condições para comprar, não se pode humilha a criança que chega de sandálias de dedo na escola o pai pode não ter tido condições de comprar um tênis. Lugar de criança é na creche e na escola, bem acolhida e tratada com respeito e carinho, criança também é ser humano. Não estamos mais na época da ditadura, a escola brasileira precisa de professores acolhedores que escutem os problemas de seus alunos, não há mais espaço para coordenadores ditadores em nossa sociedade. Estas mazelas acontecem por falta de amor e por que os seres humanos possuem corações frios.
Os pais precisam amar seus filhos, não dar para devolver os filhos eles são para sempre, desejáveis ou não eles são filhos dos pais e, estes devem assumi-los. O contrário disso é um coração frio e desumano. O resultado é violência crescente, prostituição infantil; aumento de viciados em drogas cada vez mais precoces. Os culpados são aqueles que os empurraram para esta situação. Toda vez que um pai não ajudou seu filho em um problema, não o orientou, não o assumiu ele criou um ser de coração frio, um marginal, um criminoso sem coração. Óbvio que toda regra tem exceção. Toda vez que um professor ou coordenador jogou para fora um aluno sem acolhê-lo, sem orientá-lo, sem conversar com seus pais, mais corações frios foram criados vide a violência que tão de perto nos assola.
Por fim, é isso que Jesus estava falando que à medida que fossemos desumanos pagaríamos as consequências com o aumento de pessoas más produzidas por nós mesmos. A violência nas escolas e nas ruas não é um fenômeno novo. Todavia, tem vindo a assumir proporções tais que a escola e a sociedade não sabem que medidas tomar para sanar este problema. Com um intuito ávido de conhecer como a escola, a família e em sentido lato a sociedade se organizará na gestão desta problemática tão grave nos dias de hoje devemos refletir qual é a parcela de culpa que temos por uma sociedade tão violenta, sem amor e de coração frio. Pois, nos esquecemos completamente daqueles mandamentos que diziam “não matarás”, “não furtarás”, “não cobiçarás a casa de teu próximo”, e o maior de todos “amarás o próximo como a te mesmo”, quando fizermos isso e ensinarmos isso possa ser que o homem aprenda a amar.
Professor Nilton Carvalho é teólogo, historiador e pós-graduado em educação pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás-(PUC). ndc30@hotmail.com; http://historiaeculturandc.blogspot.com/; http://reformaortografica2009puc.blogspot.com

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Pais cuidem dos vossos filhos


Pai e mãe têm que usar muito de psicologia para administrar os filhos, dar exemplos, compreendê-los e encaminhá-los para a vida. Nesta perspectiva muita coisa pode ser usada, mas tem uma que sempre que usada é infalível e tem um efeito tremendo sobre os filhos, esta ferramenta é a atenção dispensada a eles. Sem atenção é quase impossível que os filhos tenham sucesso na fase adulta, suas formações moral, ética e cultural terão problemas para sempre. A atenção fala de diálogo, de ouvir o que o filho tem a dizer, mas não só isso, fala também de exemplos práticos por parte dos pais.
Pai que não estuda, não tem autoridade para pedir ao filho que estude. Este pai deve por amor ao seu filho ler bons livros, jornais e revistas para que veja seu interesse. Mãe que não dar bons exemplos não pode exigir isso dos filhos, os exemplos falam mais alto que as palavras.
Pais e mães têm recorrido a profissionais como psicólogos, psiquiatras e educadores, na procura de respostas e conselhos sobre o que fazer com seus filhos quando esses costumam apresentar problemas como: comportamentos socialmente inadequados, dificuldades de relacionamento interpessoal, bem como problemas de adaptação escolar e aprendizagem. As maiores queixas ficam entre os comportamentos sociais inadequados e dificuldades de convivência familiar. Provavelmente estes problemas foram causados pelos próprios pais que se esqueceram de se preparar para tal sacerdócio, isso mesmo ser pai ou mãe é um sacerdócio.
Pais que vivem vidas fáceis estão ensinando os filhos viverem assim, pais que são boêmios produzirão filhos boêmios. Pais que mentem para se dar bem estão dando o exemplo para seus filhos. Pais violentos, filhos violentos, claro que em toda regra há exceção. Contudo, o óbvio é o mesmo para pais que dão bons exemplos aos seus filhos, eles crescerão fazendo aquilo que é correto. Pais que amam terão filhos amorosos, pais que educam terão filhos educados e educadores, pais que se envolvem com o bem, com a caridade, com a fraternidade e com tudo que é exemplo positivo terão quase que cem por cento filhos assim também. Então teremos uma sociedade livre ou quase livre de violência e de toda sorte de barbáries.
Olhando um pouco para trás, percebe-se que a partir da década de 60 e da revolução sexual, tem-se o início de uma transformação nos costumes e valores válidos em nossa sociedade. Entre tantos outros conceitos questionados, os modos de educação mais repressores foram postos em cheque, e começou a se erguer a bandeira da educação mais liberada para prevenir os “traumas” que uma educação muito repressora poderia causar na vida emocional dos filhos. Ainda, com o desenvolvimento das pesquisas na área da psicologia e psicanálise, enfatizando a importância da influência do ambiente na formação de um indivíduo, a questão da educação dos filhos tem merecido um maior cuidado por parte de educadores, psicólogos e estudiosos de várias áreas. Muitas são as teorias novas que surgem sobre o que fazer e como proceder, tudo na tentativa de orientar os pais nessa difícil tarefa.
Se pelas gerações antigas a criança era tratada como um “mini-adulto”, sem direito a desejos e vontades, sem direito a quaisquer cuidados especiais em respeito à sua condição de criança, parece que as gerações mais jovens, talvez tenham pecado pelo excesso, no sentido inverso, passando a tratar a criança como um “rei no trono”. O certo é não haver nem um extremo nem outro, mas um equilíbrio entre liberdade, responsabilidade e obrigações. É ai que entram as personagens dos pais como alvos para seus filhos, não só falando como deve ser feito, mas acima de tudo mostrando como fazer e fazendo-se presentes em suas vidas.
Por fim, educar é também frustrar; é dizer não e contrariar a vontade do filho, quando necessário. Não há como escapar disso, sob pena de o próprio filho sofrer as consequências em sua saúde física e mental. Não há como ser bom pai ou boa mãe só esperando serem amados por seus filhos. É preciso, muitas vezes, suportar a frustração de ser odiado por seu filho num dado momento, para o próprio bem dele no futuro, ainda que isso, na maioria das vezes, custe muito caro aos corações dos pais e mães. Pois, "Acreditar que basta ter filhos para ser um pai é tão absurdo quanto acreditar que basta ter instrumentos para ser músico." (Mansour Chalita); "É na educação dos filhos que se revelam as virtudes dos pais." (Coelho Neto)
Professor Nilton Carvalho é teólogo, historiador e pós-graduado em educação pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás-(PUC). ndc30@hotmail.com; http://historiaeculturandc.blogspot.com/; http://reformaortografica2009puc.blogspot.com

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Catedral da Família perde uma de suas estrelas: Paula de Paula e Silva


No último dia 27/06/2010 tive o prazer de ser convidado por meu amigo Davi Rolembergg para participar de uma reunião da Igreja Catedral da Família presidida pelo casal de pastores Pr. Salmo Diomar e Prª. Cássia Vilela na Alameda Ricardo Paranhos nº 728 Setor Marista nesta Capital. Igreja esta que me tornei membro imediatamente, pois se trata de uma família que exerce o papel social da Igreja, papel este outorgado por Jesus Cristo. Foi amor à primeira vista, coisa de adolescente, fico feliz por isso.
Conheci vários projetos sociais e para a família, desenvolvidos pela Instituição. Projetos como, por exemplo, a ABM (Associação Beneficente Manancial) onde a adorável Paula de Paula e Silva, vitima de latrocínio no último dia 02/07/2010 atuava como voluntária. Contudo, ao chegar ao Templo fiquei meio perdido por estar bastante cheio. Como gosto de musical, fui para as primeiras fileiras assisti ao culto que foi muito bom. Pouco tempo depois de mim, chegou uma moça muito formosa que me pediu para sentar-se na vaga que havia ao meu lado, era ela! Paula de Paula e Silva.
Foi muito atenciosa comigo durante o culto, até lhe ajudei na procura de algumas referências bíblicas. Após o culto ficamos um pouco mais íntimos, já que eu estava ali pela primeira vez. Ela prontamente ajudou-me a encontrar meu amigo Davi Rolembergg, conversamos mais alguns minutos e fomos embora, contudo ela foi comigo em minhas lembranças, pelo seu encanto e cristandade.
Paula era alguém que veio a este mundo para brilhar e brilhava na Catedral da Família. Era boa filha, ótima cristã e um ser humano humilde e solidário que foi ceifada sem piedade por marginais que não sabem o que é amar. Em Paula existia uma porção de Deus que com ela foi para o porvir. Nos marginais existe uma erupção de maldade que com eles continuará por aqui fazendo atrocidades e destruindo vidas tão lindas como era a de Paula de Paula. Ela louvava a Deus aqui na terra no Coral da igreja; os marginais “louvam as trevas” aterrorizando e ferindo corações e vidas inocentes como ela e todas as suas vítimas, pois todos eles segundo matéria aqui do DM são marginais perigosos com vários crimes e homicídios. Paula exalava vida e esperança, os marginais disseminam morte e incredulidade.
Uma pergunta fica pulsando em nossos corações: até quando bandidos destruirão pessoas tão lindas como Paula de Paula? Pessoas como a publicitária Polyanna Arruda Borges, o jovem Higor Bruno Borges assassinado em uma boate de Goiânia, a adolescente de 18 anos, baleada na cabeça e estuprada na manhã de segunda-feira (21), quando seguia para a escola na companhia da irmã de 17 anos que também foi estuprada e tantas outras vítimas que projetam suas vidas e são violentamente arrancadas das suas famílias por verdadeiros monstros impiedosos e prontos para matar que o único projeto que possuem é o crime, mas por opção, pois se quiserem mudança existe, mas é se quiserem, eles querem?
Estamos em um ano eleitoral e não vemos dos pré-candidatos nenhum projeto para acabar com a impunidade. O maior país cristão do mundo que é os Estados Unidos tem leis severas e tolerância zero com os criminosos, pois eles conhecem o coração dos bandidos e sabem que neles não há piedade. Sendo cristãos conhecedores das Escrituras Sagradas são maduros para reconhecer o valor da vida e punir severamente o criminoso.
A você Paula de Paula fica nossa esperança de um dia poder te encontrar e te abraçar novamente. A nós fica a esperança de dias melhores e sem violência, fica ainda a torcida pelo fim da impunidade, pela criação de leis severas, melhores e maiores investimentos em educação secular e religiosa para nossas crianças e jovens com o intuito de um futuro de paz e amor. Amamos-te muito Paula de Paula e Silva, resta-nos pedir a Deus para reparar a perda e preencher o vazio deixado por você, brilhe ai de cima ao lado do Pai. Pois, “o único consolo que sinto ao pensar na inevitabilidade da minha morte é o mesmo que se sentem quando o barco está em perigo: encontramo-nos todos na mesma situação” (Léon Tolstoi). Porém, o homem pode tirar a vida, mas Jesus a dar de volta de uma forma que nem o homem nem ninguém poderão tomá-la novamente, pois nada nos separará do amor de Deus.


Nilton Carvalho é cabeleireiro, professor, teólogo, historiador e pós-graduado em educação pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás-(PUC). ndc30@hotmail.com; http://historiaeculturandc.blogspot.com/





quarta-feira, 30 de junho de 2010


África do Sul um pequeno País uma Grande História

Estamos vivendo um momento mágico para os amantes do futebol, a Copa do Mundo que tem como sede nesta edição a África do Sul. Mas o que sabemos sobre este País de paisagem exuberante, fauna e flora ricas e de tantas injustiças sociais? Pena ser pouco o espaço para tanta informação, mas vejamos algumas mais importantes. O que se sabe sobre o habitante mais antigo do território que mais tarde seria chamado de África do Sul vem de teorias de antropólogos, que o chamam de hominídeo, precursor de espécies mais evoluídas como o homo habilis, homo erectus e homo sapiens. Em 1947, fósseis de hominídeos de três milhões de anos de idade foram descobertos nas cavernas Sterkenfontein Caves, perto de Krugersdorf, a oeste de Johanesburgo.
O homem moderno apareceu no cenário há três mil anos. O povo africano Khoisan, que vivia na região norte de Botsuana, abriu mão da caça para criar gado, atividade que os outros africanos já estavam aprendendo. Eles chamavam a si mesmos de Khoikhoi, o significa homens dos homens, e se referiam aos que permaneceram caçadores como San. Não havia fronteiras naquela época e os dois grupos, Khoikhoi e San, povoaram as terras.
Os primeiros navegadores europeus, portugueses principalmente, chegaram à África do Sul no século XV. Diogo Cão alcançou à costa sul-africana em 1485 e em 1488 foi à vez de Bartolomeu Dias.
Em 1652, quando a Companhia das Índias holandesa se instalou permanentemente na Cidade do Cabo, a colonização não estava em primeiro plano. O navegador português Bartolomeu Dias tinha dado a volta na região do Cabo e chegado a Mossel Bay em 1488, enquanto outro explorador português, Vasco da Gama, tinha descoberto a rota para a Índia, passando pelo Cabo, em 1497. Como a Cidade do Cabo era um porto conveniente para quem vinham e iam para o ocidente, os holandeses enviaram o comandante Jan van Riebeeck para o local, onde ele se desentendeu com os Khoikhois. Ele declarou guerra ao povo Khoikhoi e aprisionou seus líderes em Robben Island, dando início ao período histórico de colonização. Os primeiros colonizadores brancos levavam suas vidas em pequenas fazendas na Cidade do Cabo, onde se alimentavam de carne e bebiam vinho.
As colônias se espalharam pelas montanhas e chegaram rapidamente aos pastos secos do interior. Em 1688, os Hughenots, um grupo de 220 protestantes franceses que tentavam escapar da perseguição religiosa, chegaram ao território e introduziram os conhecimentos para o cultivo da uva.
A História do país, propriamente dita, começa no século XVII com a ocupação permanente da região do Cabo da Boa Esperança pelos holandeses. Em 1909, a União das Colônias Britânicas de Cabo, Natal, Transval e Orange River origina a nação da África do Sul. De 1948 a 1993/1994, a estrutura política e social é baseada no Apartheid, o sistema legalizado de discriminação racial que manteve o domínio da minoria branca nos campos político, econômico e social.
Em 1983, é adotada uma nova Constituição que garante uma política de direitos limitados às minorias asiáticas, mas continua a excluir os negros do exercício dos direitos políticos e civis. A maioria negra, portanto, não tem direito de voto nem representação parlamentar. O partido branco dominante, durante a era do Apartheid, é o Partido Nacional, enquanto a principal organização política negra é o Congresso Nacional Africano (ANC), que durante quase cinquenta anos foi considerado ilegal.
Mais tarde, em 1990, sob a liderança do presidente F. W. de Klerk, o Governo sul-africano começa a desmantelar o sistema do Apartheid, libertando Nelson Mandela, líder do ANC, e aceitando legalizar esta organização, bem como outras anti-Apartheid. Em 1993, o Governo e a oposição negra acordam nos mecanismos que garantam a transição para um sistema político não discriminatório. É criado um comitê executivo intermediário, com maioria negra, para supervisionar as primeiras eleições multipartidárias e multirraciais que garantam o fim do Apartheid.
Em Abril de 1994, fazem-se eleições multirraciais para o novo Parlamento o ANC ganha às eleições e Nelson Mandela, formando um Governo de unidade nacional, torna-se o primeiro Presidente sul-africano negro. Em 2004, ano em que Thabo Mbeki completou cinco anos como sucessor de Nelson Mandela, o Presidente da República da África do Sul prometeu acabar com toda a violência de caráter político que ainda possa existir no país. Torcemos por isso.

Nilton Carvalho é cabeleireiro, professor, teólogo, historiador e pós-graduado em educação pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás-(PUC). ndc30@hotmail.com; http://historiaeculturandc.blogspot.com/

sexta-feira, 25 de junho de 2010


Discrepâncias entre o professor e o político
“Eu quero investigar se pode haver, na ordem civil, alguma regra administrativa, legitima e segura, que tome os homens tais como são e as leis tais como podem ser”. Estas são as primeiras palavras de Jean-Jacques Rousseau em seu livro intitulado Do contrato sócia. Rousseau propõe refletir sobre as vias para dar-se forma a uma comunidade política que tenha as suas bases assentadas num poder político passível de ser considerado legítimo. Sendo o poder desta natureza, a sociedade haveria de fazer-se bem ordenada e assegurar a cada homem os meios de desfrutar da maior felicidade possível, tendo os recursos necessários para aprimorar-se integralmente em seu nível mais elevado.
Felicidade aqui significa dizer que o Estado cuidará do cidadão como seu verdadeiro filho. A imagem de pai diz que “[...] existe um homem que se esforça no cumprimento do dever para dar bom exemplo. Que fica humilde, quando poderia se exaltar. Que chora à distância, a fim de não ser observado. Que, com o coração dilacerado, se embrutece para se impor como juiz inflexível. Que apenas fisicamente passa o dia distante, na luta por um futuro melhor. Que, ao fim da jornada, avidamente regressa ao lar para levar muito carinho, e, às vezes, receber tão pouco” (trechos da poesia “Imagem de Pai” de Rivalcir Liberato). O Estado então como o pai que é o símbolo de segurança e provisão para seus filhos deve segundo Rousseau, proporcionar a todos os cidadãos saúde, educação e segurança com qualidade. O que não se podem perceber no Brasil quando o assunto é felicidade do cidadão.
A equação do problema colocado pelo texto e que decorre, na verdade, de um minucioso diagnóstico efetuado em obras anteriores, principalmente no Discurso sobre a desigualdade, passa pela realização de um pacto social legítimo. É esse pacto, com o qual os indivíduos alienam simultaneamente todos os seus direitos para o conjunto da comunidade de contratantes, que permitirá o advento da sociedade bem ordenada. Nessa ordem ideal, que floresce por meio deste artifício, os homens encontram a sorte de retomar a liberdade e a igualdade, vendo-se subordinados unicamente à lei cuja prescrição é feita por eles mesmos.
Tudo isso numa comparação entre um professor que no Brasil tem média de formação e formação continuada de nove anos (não confundir com formação básica que compreende: educação infantil, ensino fundamental e ensino médio) e salários médios de R$ 950.00, e um político que tem em média a educação fundamental e média salarial de R$ 11.545.00 por minuto e R$ 39.000.000.00 por ano (fonte: http://brasigo.com.br/perguntas/salario-do-politico-do-brasil-o-maior-do-mundo-e-justo), no contexto da Constituição Federal, não concorreria de modo algum a favor daquele que é considerado o Mestre.
Quando a Carta Magna coloca lado a lado os dois cidadãos, pode-se apostar que o fim do relato inverterá as dignidades implicadas no início. Pois, por intermédio dos professores vários “homens sagrados” (Vereadores, Prefeitos, Deputados, Senadores e Presidentes) reforçaram seus ofícios e “funções vocacionais na execução de seus respectivos ministérios”.
A obra de Rousseau colocada em pauta de discussão a maioria dos tratados clássicos de semelhante gênero, já que se divide em quatro livros, apresentando, por assim dizer, duas ordens de problemas. A primeira ordem estaria centrada em buscar os fundamentos do poder político legítimo, encontrando-se disseminada em especial no livro um, apesar de se estender claramente até o livro dois; a segunda procura refletir mais sobre o plano prático, sobre a esfera de funcionamento da máquina do Estado, delineando, sobretudo nos livros três e quatro, ainda que subsídios para isso sejam lançados também no livro dois em seu ponto próximo de seu fechamento, a instância administrativa, a dimensão institucional em termos concretos, de semelhante engenho que nós mesmos estabelecemos.
Por fim, seria bom que a população brasileira conhecesse obras assim e cobrassem dos políticos explicações sobre as discrepâncias existentes entre professores e políticos, e os seus salários. Haja vista a importância de um político para a sociedade que é pífia em relação a importâncias dos professores e outros trabalhadores. Por que o político tem direito a tanto (vale-roupa, vale-carro, vale-casa e outros) e o cidadão a tão pouco? O professor se quer tem direito a estudar mais e melhor para se qualificar. Pense nisso leitor.
Nilton Carvalho é cabeleireiro, professor, teólogo, historiador e pós-graduado em educação pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás-(PUC). ndc30@hotmail.com; http://historiaeculturandc.blogspot.com/

quinta-feira, 8 de abril de 2010

As mulheres da Bíblia que superaram o antropocentrismo

Uma comparação entre homem e mulher no contexto das escrituras, não concorreria de modo algum a favor daquele que é considerado forte. Quando a Bíblia coloca lado a lado os dois sexos, pode-se apostar que o fim do relato inverterá as dignidades implicadas no início.
Mulheres que executaram duplamente atos masculinos tanto pelo sexo quanto pelo poder, como, por exemplo, Sara de Abraão, Rebeca de Isaac, Raquel de Jacó, Raab a prostituta de Jericó, Ana mãe de Samuel, Rute nora de outra grande mulher Noemi, Judite, Susana, Débora e Vasti esposa de Assuero que se negou dançar para a corte e para o Rei, haja vista estarem embriagados, mantendo-se em posição de honra.
Doravante, observam-se alguns casos específicos.
Tem-se na Bíblia àquela que pode ser considerada uma das maiores heroínas da narrativa bíblica, “Ester” que era órfã, escrava e cativa na Pérsia. Ester viveu em um contexto de desprezo em que eram mantidas as mulheres, consideradas de musculatura mais flácida que a do homem, da assimetria suposta entre homem e mulher, da sexualidade e, sobretudo, da impureza periódica que a assimilava a seres lunares e maléficos. Porém, ela soube contornar as situações embaraçosas e constrangedoras do contexto social, religioso, político e cultural em que vivia.
No entanto, a história de Ester é inicialmente idílica. Ester uma judia comum, torna-se rainha como nos contos de fada. Os ingredientes são promissores: um palácio oriental, eunucos e um harém, um rei que escolhe uma moça humilde, elementos suficientes para escrever muitas páginas de histórias como As Mil e Uma Noites, sobre esta heroína.
Mas o que interessa é que Ester chegou à posição de rainha da Pérsia após ser escrava, como lucro, livra seu povo do genocídio anunciado. Ester não se corrompeu devido tantos problemas e, foi recompensado com a glória de seu reinado. Ela é lembrada todos os anos pelo judaísmo uma das religiões mais antropocêntrica e patriarcal do mundo, na Festa do Purim, onde se comemora a salvação dos hebreus condenados ao extermínio por Amã o Vizir malvado que odiava seu povo.
Outra grande mulher é Maria mãe de Jesus, que sofrera o constrangimento de uma gravidez ainda no período de seu noivado com José, por consequência disso José pensou abandoná-la, pois não suportava os falatórios difamadores sobre Maria, só a partir de uma visão divina é que ele a assumiu integramente. Mesmo assim, Maria após ficar viúva criou sozinha até a morte todos os seus filhos.
Maria Madalena, que fora condenada por homens malvados, mas absorvida por um homem doce, meigo e acolhedor, onde este fez seus acusadores entrarem numa introspecção dos próprios pecados e, outras tantas mulheres que demonstraram o quanto a mulher é importante para o contexto social e não só para atender aos caprichas machistas. Na Bíblia a mulher nunca é vista como uma facção. Não se pode vê-la conspirar. Está sempre sozinha e, dará nas vertentes do Gólgota a prova de sua incapacidade, inapta a formar corpos constituídos.
Todas essas mulheres vivem numa solidão que contrasta vivamente com as capacidades masculinas. No entanto, com o surgimento do Cristo, a mulher do evangelho diferentemente da do Antigo pacto, vive uma inversão das Bem-aventuranças: pobre, é considerada rica; fraca, poderosa; inculta, revela-se profetiza; culpada, tem gestos de santidade; rebelde ela crê.
Cristo não a metamorfoseou, simplesmente tornou a verdade mais forte do que a aparência, onde Jesus colocou-se ao lado delas, mas não somente para socorrê-las, também para receber delas colaboração, afeto, companhia e até mesmo sustento financeiro, as quais lhes prestavam assistência com seus bens.
Por último, seu isolamento, sua humanidade, a rapidez de sua adesão, opõe-nas à casta desprezível dos fariseus. Defendê-las para Cristo equivalia a atacar o adversário. A mulher sempre foi uma grande companheira e auxiliadora do companheiro ou do homem em si, no contexto bíblico, no entanto a cultura judaico-cristão-patriarcal, “nunca abriu os olhos”, para enxergar tamanha realidade patente, cabendo, então, a nós educadores a responsabilidade de trazer isso à tona.


Nilton Carvalho é cabeleireiro, professor, teólogo, historiador e pós-graduando em educação pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás-(PUC). ndc30@hotmail.com; http://historiaeculturandc.blogspot.com/
Jesus Cristo: o meigo educador celeste

Ao longo da história, muitas pessoas conseguiram com suas idéias mudar o curso da política, da filosofia, da ciência, da educação, da cultura, da própria história ou da religião.
Pessoas essas que deixaram enormes legados para a cultura, dentre vários podemos citar alguns como: Rousseau, Pestallozzi, Dewey, Ferrière, Cousinet, Neill, Rogers, Vygotsky, Robin, Montessori, Piaget e Paulo Freire. Estes estudiosos e pesquisadores de várias áreas do saber como a Psicologia, Biologia, Medicina, Filosofia, Educação e Antropologia, contribuíram em muito para que a pedagogia avançasse. Todos, de alguma forma, têm lugar no campo pedagógico, incluindo Piaget com seus trabalhos sobre a gênese do desenvolvimento e do raciocínio, Vygotsky com sua importante teoria Histórico Cultural de construção de conhecimentos e Paulo Freire com sua pedagogia do oprimido que mostra a opressão contida na sociedade e no universo educativo, em especial na educação/alfabetização de adultos. Aonde a opressão é apresentada como problema crônico social, visto que as camadas menos favorecidas são oprimidas e terminam por aceitar o que lhes é imposto, devido à falta de conscientização, sem buscar realmente a chamada Pedagogia da Libertação.
Uns construíram teorias propriamente ditas, outros aplicaram estudos e observações diretamente no campo pedagógico, mas, sem dúvida, todos foram estudiosos que deixaram marcas na educação.
Contudo, houve um homem, que foi capaz não só de abalar os alicerces do pensamento como de alterar para sempre a trajetória da humanidade. Esse homem foi Jesus Cristo e seus ensinamentos geram frutos há mais de dois mil anos. Suas incomparáveis inteligência e personalidade tornaram-no o perfeito ponto de partida para um modelo de educador, pois desde o início de seu ministério ele provou uma surpreendente capacidade de superação. Conhecido como O Mestre dos Mestres, sua inteligência, sua didática e o domínio que detinha da sua “disciplina” para ensiná-la, eram bem mais grandiosas do que imaginamos.
Sob o ponto de vista da psicologia, temos em Jesus Cisto um fascinante estudo do comportamento, iluminando os aspectos mais notáveis de suas atitudes. Quando se esperava que ele falasse, ele silenciava; quando se imaginava que ele puniria, então, ele perdoava; quando se achava que ele ostentaria seus feitos, mostrava-se humilde. Quando soube que seria preso, em vez de fugir, Jesus entregou-se ao destino e à morte. Ele viu de perto a fome, a miséria e a dor, mas manteve-se firme em seus propósitos. Tamanha era sua capacidade de gerenciar as emoções que, apesar das inúmeras provações por que passou, Jesus tornou-se o símbolo maior da esperança, do amor, da dignidade e da compaixão. Ensinando a todos nas Sinagogas, nas casas e nos montes da Judéia, da Galiléia e de toda a Palestina o caminho das bem aventuranças àqueles que eram marginalizados, excluídos e escravizados pelo Império Romano e pela religião oficial do Templo de Jerusalém.
Não importam quais sejam suas crenças, sua religião, posição social ou condição financeira, a mensagem de Cristo é universal e fala ao coração de todas as pessoas. Lembrando que eu mesmo não sou religioso, mas creio em Jesus e em sua mensagem. Vejo então no meigo educador uma capacidade muito grande de ensinar, ele é aquele que os teóricos da educação vão chamar de professor acolhedor, que tem como principal característica ouvir o que seus alunos querem dizer acolhendo-os e, ao mesmo tempo, exigindo melhoras, impondo-lhes limites e cobrando-lhes responsabilidades.
Jesus mesmo, não produziu nenhuma obra biográfica ou literária, mas escritores que foram testemunhas oculares de suas obras ou discípulos de quem foram, pesquisaram e escreveram sobre seus ensinamentos e suas práticas. Jesus era um educador apaixonado pelos seus alunos, o seu intento era dar-lhes a cura para a alma, mas também para o corpo físico. Várias vezes as multidões foram alimentadas com pão material, mas também com pão para a alma “o conhecimento.” Curou também por vezes o corpo físico das enfermidades, porém, curou também a alma com o remédio do saber. Certa feita declarou que as pessoas erram por não conhecer e por ignorar o conhecimento.
O meigo educador celeste nos trouxe a maior das lições e dos ensinamentos que é o “amor.” Quando lemos os ensinamentos do mestre vemos que ele é dotado de uma inteligência suprema e que usou ferramentas para educar a todos, pois seus ensinamentos oxigenaram e continua oxigenando as mentes em direção à sabedoria desta vida e também para quem crer em sua “pedagogia” para a vida no porvir.
Por fim, os fundamentos pedagógicos do ensino de Jesus estão na sua concepção de mundo, abrangendo o homem e a vida. Essa cosmovisão se opõe à concepção greco-romana da época e à concepção judaica. Jesus, assim, não é apenas um reformador religioso, mas um filósofo na plena acepção da palavra. Ele modifica com seus ensinamentos a visão antiga do mundo e essa modificação atinge a todas as filosofias do tempo, não obstante os pontos de concordância existentes com várias delas. Bastaria isso para nos mostrar, à luz da Ciência da Educação, a legitimidade da tese que inclui Jesus entre os grandes educadores e pedagogos, colocando-o mesmo à frente de todos. Não se trata de uma posição religiosa, mas de uma constatação pessoal. Como disse o Mestre amado: "Reconheça o que está ao alcance dos seus olhos, e o oculto tornar-se-á claro.” E outro grande educador arremata: "Não se pode falar de educação sem amor” (Paulo Freire).

Nilton Carvalho é professor, teólogo, historiador e pós-graduando em educação pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás-(PUC). ndc30@hotmail.com; http://historiaeculturandc.blogspot.com/

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

AVATAR: UMA GRANDE LIÇÃO DE RESPEITO AO OUTRO (II)

AVATAR: UMA GRANDE LIÇÃO DE RESPEITO AO OUTRO (II)


No dia 17/01/2010 o filme mais caro da história arrecadou os principais prêmios da 67ª edição do Globo de Ouro em Los Angeles realizada ao longo de um jantar no Hotel Beverly Hilton, esta foi à noite que consagrou "Avatar" definitivamente. O épico em 3D que vem fazendo história nas bilheterias recebeu dois prêmios, o de melhor filme-drama e melhor direção para James Cameron. Ao receber de Julia Roberts a última estatueta da noite, o cineasta deu um recado aos críticos de seu longa-metragem. "Este é o melhor emprego do mundo. Fazemos entretenimento para o público, e é disso que o Globo de Ouro precisa.” James Cameron não nos é muito popular como são os cineastas Steven Spielberg, George Lucas, Roberto Benigni, Jean-Jacques Annaud e nossos brasileiros Bruno Barreto e Walter Salles, a não ser o fato de que ele dirigiu Titanic, o filme de maior bilheteria da história do cinema e convenhamos por isso só ele já merece certo respeito, gostando alguém ou não do filme. Considerada a segunda maior premiação da temporada, o Globo de Ouro também premiou há 12 anos "Titanic", o trabalho anterior de Cameron, nas mesmas categorias, e o filme repetiu o feito no Oscar. A dobradinha pode acontecer de novo em 2010.
Cameron quis filmar essa história desde 1999, logo após Titanic, só que naquela época os efeitos especiais que ele desejava utilizar eram muito caros e o orçamento ultrapassou os $400 milhões de dólares! Nenhum estúdio em sã consciência gastaria uma fortuna dessas em um único filme. A maioria do filme (60%) é feita em computador usando captura de movimentos, animação gráfica etc. Cameron só teve certeza que a tecnologia já estava desenvolvida o suficiente para tornar o seu filme realidade quando viu o personagem de Gollum no filme do Senhor dos Anéis, em 2002. Todavia, na primeira parte deste artigo temos mais detalhes técnicos do filme a quem interessar é só ir no www.dm.com.br edição do dia 02/01/2010 página 14.

Doravante, vamos devagar pelo campo da hipótese e do transcendental, haja vista, a maioria dos seres humanos terem dentro de si algo que transcende o limite da experiência possível. E isso parece querer mostrar Cameron com a lição de respeito e amor à vida que os Na’vi nos dão. Eles adoram uma deusa (Owua), adoram a natureza e todos os seres, compreendendo a tudo e todos e aprendendo a senti-los. Quando um animal é morto para a alimentação, por exemplo, agradecem ao espírito dele por dar-lhes seu corpo. De uma forma surpreendente, as tecnologias avançadas do homem, robôs, naves, armas, são colocadas em contraste com a bela natureza de Pandora, plantas coloridas, belos animais, uma cultura voltada para sua deusa e para a natureza. Assim, é claro, qualquer um ficaria contra aqueles humanos destruindo a fauna e flora daquele planeta. O problema é: não pensamos como a situação se repete aqui, na Terra. Só que há poucos para lutar por ela.

O cerne do filme é como Cameron mostra a evolução tecnológica do ser humano, mas ele ainda continua como se estivesse habitando as velhas civilizações desalmadas e desumanas da antigüidade. A tecnologia avança a todo vapor, mas a moral humana parece retroagir aos tempos mais remotos da humanidade. Provavelmente inspirado por Deus (divago aqui) Cameron faz uma metáfora, mas deixando claro que será em um futuro longínquo ainda (pois Avatar se dá em 2156) dos prováveis “Avatares” que por aqui passaram e quiseram nos ensinar a amar e viver em sintonia com Deus, com a natureza e com o outro. Pois, em quase todas as crenças somos como em Avatar; somos espíritos que habitam um corpo corruptível por um determinado tempo, esse corpo é só uma casca. Esses “Avatares” foram os Filósofos gregos, Jesus Cristo, Zaratrusta, Mahatma Gandhi, Buda, Martin Luther King, João Paulo II, Alziro Zarur, Francisco Candido Xavier, Irmã Dulce, Madre Tereza de Calcutá, Zilda Arns etc., eles existiram e vieram a Terra com o firme propósito de auxiliar a humanidade rumo à evolução, esse evoluir estar explícito em Avatar. Ele começa com o novo mandamento de Deus à humanidade dado por todas essas pessoas que é “AMAR”.

Outros “Avatares” continuam aqui entre nós, tais como: José de Paiva Neto, Dalai Lama, Padre Zezinho, Frei Beto etc., nos ensinando uma melhor vida. No filme, os seres humanos atrasados e maus, levaram o terror, a dor e a morte para os Na’vi. Estes espíritos estão aqui na terra também, nos trazendo toda sorte de desgraças, eles habitam as nossas casas, empresas, ruas etc., são pessoas (espíritos) que trouxeram consigo dos mundos que habitavam às piores personalidades e condições morais que se imaginam. Olhem os realitys shows que estão passando ai nas nossas TVs, os criminosos que são presos todos os dias, quantas pessoas bizarras (não todos), sem princípios familiares, sem amor, depravadas, psicossomaticamente doentes, bem diferente daquilo que exige nossa evolução e do que propõe Avatar, pois, “Reparte o amor aonde fores: primeiro, na tua própria casa. Dê amor aos teus filhos, à tua mulher ou ao teu marido, depois na porta do vizinho. Que quem precise de ti saia melhor e mais contente. Seja a expressão viva da bondade de Deus; bondade em teu rosto, bondade em teus olhos, bondade em teu sorriso, bondade na tua amável saudação”. (Madre Teresa)





Nilton Carvalho é cabeleireiro, professor, teólogo, historiador e pós - graduando em educação pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC). ndc30@hotmail.com; http://historiaeculturandc.blogspot.com/

O equivoco imperial que perdura até hoje

O equivoco imperial que perdura até hoje

Antes de mais, quero deixar claro que como estudante que sou escrevo sobre este tema tecnicamente, não é nada pessoal contra ninguém. Não quero também generalizar sobre o assunto, até porque mexerei profundamente com o ego e a vaidade de muitos. Contudo, como educador e estudante de pós-graduação que sonha ser doutor um dia, sei das dificuldades, gastos altíssimos, longos períodos de pesquisas, concorrência com outros candidatos, estudos etc., que um postulante a doutor enfrenta para obter tal titulação e honra. Por isso cansei de ver alguns bacharéis em direito, médicos e outros profissionais das respectivas áreas se autodenominando “Doutores” (como disse antes, alguns), sem ter passado pelo árduo processo de doutoramento. Muitos deles nem conhecem os critérios para se adquirir tal título. Há todo um processo de seleção tal como: Projeto de Pesquisa em três vias impressas, contendo: A) Resumo; B) Justificativas intelectuais e acadêmicas do tema e da linha de pesquisa à qual o (a) candidato (a) pretende se vincular (relevância científica); C) Objetivos problemáticos: hipóteses; D) Fundamentação bibliográfica e teórica do tema proposto; E) Metodologia de trabalho; F) Fontes de pesquisa: descrição e relações com o tema proposto; G) Bibliografia condizente com a temática; H) Carta dirigida à Coordenação da Instituição, justificando a escolha da linha de pesquisa. I) Currículo Lattes - CNPq atualizado com documentos comprobatórios anexados e numerado de acordo com a descrição das atividades desenvolvidas; J) Histórico Escolar da Graduação e Diploma de Curso Superior; L) Prova de proficiência em língua estrangeira, sendo duas línguas estrangeiras para os candidatos ao Doutorado etc., etc., etc. Eis aqui um pouquinho do processo que se deve enfrentar para ser doutor, ai uma meia dúzia de hipócritas ficam se passando por doutores para os menos desavisados, mas afinal onde isso tudo começou?
O título de doutor foi concedido aos advogados por Dom Pedro I, em 1827. Título este que não se confunde com o estabelecido pela Lei nº 9.394/96 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação), aferido e concedido pelas Universidades aos acadêmicos em geral. A LDB traça as normas que regem a avaliação de teses acadêmicas. Assim, para uma pessoa com nível universitário ser considerada doutora, deverá elaborar e defender, dentro das regras acadêmicas e monográficas, no mínimo uma tese, inédita. Provar, expondo, o que pensa. Vejamos um pouco do que diz a LDB 9.394/96: Art. 44. A educação superior abrangerá os seguintes cursos e programas:
III - de pós-graduação, compreendendo programas de mestrado e doutorado, cursos de especialização, aperfeiçoamento e outros, abertos a candidatos diplomados em cursos de graduação e que atendam às exigências das instituições de ensino;
Então, conforme o item III do Artigo 44 da LDB, o doutorado compreende uma pós-graduação, por isso todo aquele que se diz doutor obrigatoriamente deverá ter feito um doutoramento que é uma pós-graduação Strictus Sensus, caso contrário estará portando um título fictício de doutor.
Contudo, o equivoco vem a partir da Lei do Império de 11 de agosto de 1827 que “cria dois cursos de Ciências Jurídicas e Sociais; introduz regulamento, estatuto para o curso jurídico; dispõe sobre o título (grau) de doutor para o advogado”. A referida Lei possui origem legislativa no Alvará Régio editado por D. Maria I, a Pia (A Louca), de Portugal, que outorgou o tratamento de doutor aos bacharéis em direito e exercício regular da profissão, e nos Decreto Imperial (DIM), de 1º de agosto de 1825, pelo Chefe de Governo Dom Pedro Primeiro, e o Decreto 17.874A de 09 de agosto de 1827 que: “Declara feriado o dia 11 de agosto de 1827”. Data em que se comemora o centenário da criação dos cursos jurídicos no Brasil. Os referidos documentos encontram-se microfilmados e disponíveis para pesquisa na encantadora Biblioteca Nacional, localizada na Cinelândia (Av. Rio Branco) – Rio de Janeiro/RJ. Contudo, isso é parte de nossa história, o “jeitinho brasileiro” dos tempos de Império, não pode valer ainda hoje, não vivemos mais uma Monarquia. Somos um Estado Republicano, a Carta Magna pela qual somos regidos é a Constituição de 1988, e não a Primeira Constituição do Brasil que foi redigida no dia 25 março de 1824, escrita pelo arquivista das bibliotecas reais, o Sr. Luíz Joaquim dos Santos Marrocos. Ou seja, aquele que defende tal absurdo ainda não se deu conta que sua tradição imperial é uma ofensa à República Federativa do Brasil e aos princípios republicanos.
Em contraposição ao falso título de doutor o Conselho Federal de Medicina coloca claramente a questão a partir do site via6 (http://www.via6.com/topico.php?tid=106555) esclarecimento feito pelo Sr. Plinio Marcos Moreira da Rocha, “Quando a sociedade formalmente organizada como o CFM e os CRM orienta de forma clara e objetiva a postura dos médicos em cumprimento aos conceitos e preceitos legais, temos prova cabal, de que vivemos em uma sociedade justa, fraterna e acima de tudo íntegra de seus valores morais e éticos. Quando o CFM instituiu a utilização de crachás pelos médicos, ratificando que todo médico tem o dever de esclarecer seus pacientes sobre quaisquer dúvidas a cerca de sua qualificação, quando especificou que no crachá deverá constar o nome completo e a denominação médico. Não é raro presenciar um médico esclarecendo a um paciente que o chama de “doutor” no sentido de que ele não é doutor e sim médico. Pensando e repensando esta questão, não consegui me lembrar de nenhum momento que tenha presenciado um médico tratar outro médico como doutor, será que o imperador apenas outorgou o título de doutor aos advogados (apesar da OAB só reconhecer aos causídicos, muito embora, bacharel também seja advogado)?
Realmente, a postura profissional e pessoal da classe médica sempre foi de respeito ao coloquial doutor e ao título de doutorado, talvez por isso, a clara posição do CFM não tenha provocado nenhum problema aos médicos. Se observarmos bem, quando um advogado (bacharel ou causídico) chama outro advogado de doutor, sendo que ambos não possuem curso de doutorado, o faz na postura imoral, presunçosa, vaidosa de sem mérito, isto é, chamo-o para também ser chamado. Volto a registrar meu pesar pela conduta imoral da OAB em persistir numa posição dúbia que leva alguns advogados (bacharéis ou causídicos) a se arvorarem efetivamente como doutores, como se lei alguma os pudesse alcançar”.
É muito bom ler alguém assim tão esclarecido e ético acima de tudo, até porque não vivemos mais sob uma Monarquia absolutista dos Bragança e Orléans, nem somos regidos mais pelo Direito Consuetudinário que é o complexo de normas não escritas originárias dos usos e costumes tradicionais dum povo, direito costumeiro ou tradição somente, muito em voga na Idade Média. Mas estamos no pleno gozo da Democracia e da República com o advento da Constituição Federativa do Brasil de 1988, verifica-se uma nova etapa na evolução política do País, incorporando-se ao ordenamento jurídico pátrio as idéias e princípios universais do Estado Democrático de Direito. Por fim, duas celebres frases sobre a falsidade: "A falsidade é suscetível de uma infinidade de combinações; mas a verdade só tem uma maneira de ser." (Jean-Jacques Rousseau); "Tudo que é falso, é ruim, até mesmo a roupa emprestada. Se seu espírito não combina com a sua roupa, você está sujeito à infelicidade, porque é desta maneira que as pessoas se tornam hipócritas, perdendo o medo de agir mal e de dizer mentiras." (Ramakrishna)

Nilton Carvalho é professor, teólogo, historiador e pós - graduando em educação pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC). ndc30@hotmail.com; http://historiaeculturandc.blogspot.com/