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quinta-feira, 12 de agosto de 2010

A história na arquitetura da cidade de Goiás


A cidade de Goiás fica a 140 km da capital, com acesso pela GO-070. Saem ônibus regularmente de Goiânia podendo o turista usar esse transporte se assim quiser. A cidade de Goiás, ou “Goiás Velho”, como também é chamada por alguns, guarda um patrimônio arquitetônico e cultural dos mais ricos do país, podendo a partir de sua visitação e de breves relatos informar sobre sua rica história e sobre a história de nosso glorioso Estado. Tanto que, em 2001, o centro histórico foi declarado Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO. Suas ruas tranquilas mantêm o calçamento original de pedras e os prédios históricos do século XVIII mostram uma arquitetura colonial em que prevalece a simplicidade com poucas influências do barroco.
A origem da cidade está ligada à exploração do território brasileiro pelos bandeirantes paulistas. No início do século XVIII, vilarejos provisórios eram erguidos para abrigar os mineradores de ouro. O Arraial de Sant'Anna, fundado por Bartolomeu Bueno da Silva, em 1725 na margem do rio Vermelho, se tornaria a atual cidade de Goiás, mas antes, também foi chamada de Vila Boa. Vila Boa tão cantada nas belíssimas canções de cantores goianos como Marcelo Barra, por exemplo. Por volta de 1750, torna-se a capital da recém-criada capitania de Goiás, desmembrada da capitania de São Paulo.
Tudo na cidade permite que se entre em contato com a história. Basta andar pelas ruas, entrar nas igrejas, admirar as construções antigas, ir ver a casa onde viveu sua mais ilustre moradora, a poetisa Cora Coralina, ou conhecer o Museu das Bandeiras. Nos doces e nas manifestações religiosas, como a impressionante Procissão do Fogaréu da Semana Santa, permanecem as raízes culturais do passado. Para quem gosta de curtir a natureza, são organizadas caminhadas na reserva ambiental da Serra Dourada, que se ergue em um dos lados da cidade. Além das pousadas do centro histórico, há hotéis instalados nas fazendas dos arredores, tudo na cidade de Goiás é história pra onde os olhos virarem verão algo que estará intimamente ligado ao conteúdo histórico da antiga capital goiana.
As Igrejas são quase todas do século XVIII e revelam simplicidade de estilo. A Igreja da Boa Morte (1779) é a única que apresenta elementos típicos do barroco na fachada. Abriga o Museu de Arte Sacra, com destaque para as imagens de Veiga Valle, escultor local, que viveu no século XIX. Merecem ser vistas também as igrejas São Francisco de Paula (1761), N.S. do Carmo (1786), N.S. da Abadia (1790) e de Santa Bárbara (1780), em cada um destes lugares se terá contato direto com a história dali. Em 1918, o saudoso escritor e poeta Luis do Couto, trouxe para a Cidade de Goiás a Cruz do Anhanguera, que foi instalada as margens do Rio Vermelho onde existiu no local, a igreja da Lapa, levada pela grande enchente de 1839. Na enchente do dia 31 de dezembro de 2001 este monumento foi levado pela correnteza. Dias depois a Cruz do Anhanguera foi encontrada dentro do leito do Rio Vermelho. O monumento se encontra hoje totalmente reconstruído (O cruzeiro original se encontra no Museu das Bandeiras).
No grande prédio construído em 1761, onde funcionaram a cadeia, a câmara e a justiça, fica o Museu das Bandeiras, que expõe objetos usados na exploração do ouro. O Palácio Conde dos Arcos (1755), onde há um museu, foi construído para acomodar o governador da capitania. Todo ano, no aniversário da cidade, abriga a sede do governo, que se transfere de Goiânia por alguns dias. Outras construções significativas são o Quartel do XX (1747), a Casa do Bispo e os chafarizes da Boa Morte e do Largo da Carioca.
Por fim, o casarão onde viveu a poetisa e doceira Cora Coralina fica na cabeceira da ponte sobre o rio Vermelho. Uma das primeiras construções de Goiás é uma típica residência do século XVIII e inspirou alguns de seus poemas. Em uma parte da casa foi montado um pequeno museu que homenageia a mais famosa das filhas de Goiás. Uma antiga tradição da cidade são os alfenins, doces de origem portuguesa, preparados com açúcar e polvilho com simpáticos formatos de animais. Os doces de frutas cristalizadas também são famosos e se pode acompanhar o trabalho das doceiras. A história está lá na cidade de Goiás, está em suas ruas, em seus prédios e casarões, em sua arquitetura e em seu povo, Goiás, Goiás, Goiás!
“Que eu possa agradecer a Vós,
minha cama estreita,
minhas coisinhas pobres,
minha casa de chão,
pedras e tábuas remontadas.
E ter sempre um feixe de lenha
debaixo do meu fogão de taipa,
e acender, eu mesma,
o fogo alegre da minha casa
na manhã de um novo dia que começa. ”(Cora Coralina, poema Humildade)
Professor Nilton Carvalho é teólogo, historiador e pós-graduado em educação pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás-(PUC). ndc30@hotmail.com; http://historiaeculturandc.blogspot.com/; http://reformaortografica2009puc.blogspot.com