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sexta-feira, 4 de março de 2011

O dia Internacional da Mulher que quebra paradigmas


          No Dia 8 de março de 1857, operárias de uma fábrica de tecidos, da cidade norte americana de Nova Iorque, fizeram uma grande greve. Ocuparam a fábrica e começaram a reivindicar melhores condições de trabalho, tais como, redução na carga diária de trabalho para dez horas (as fábricas exigiam 16 horas de trabalho diário), equiparação de salários com os homens (as mulheres chegavam a receber até um terço do salário de um homem, para executar o mesmo tipo de trabalho) e tratamento digno dentro do ambiente de trabalho. A manifestação foi reprimida com total violência, que muitas mulheres ficaram feridas. Mas não foi só isso, elas foram trancadas dentro da fábrica, que foi incendiada. Aproximadamente 130 tecelãs morreram carbonizadas, num ato totalmente desumano, covarde e intolerante, mas tudo isso contribuiu para chamar a atenção a opinião publica americana e mundial, para os direitos da mulher .
          Porém, somente no ano de 1910, durante uma conferência na Dinamarca, ficou decidido que o oito de março passaria a ser o "Dia Internacional da Mulher", em homenagem as mulheres que morreram na fábrica em 1857. Mas somente no ano de 1975, através de um decreto, a data foi oficializada pela ONU (Organização das Nações Unidas). A criação deste dia é uma tentativa de amenizar as injustiças cometidas contra as mulheres ao longo da história humana e em memória as vítimas do oito de março na fabrica de Nova Iorque.
          Ao ser instituída a data, não se pretendia apenas comemorar. Na maioria dos países, realizam-se conferências, debates e reuniões cujo objetivo é discutir o papel da mulher na sociedade atual. O esforço é para tentar diminuir e, quem sabe um dia terminar, com o preconceito e a desvalorização da mulher. Mesmo com todos os avanços, elas ainda sofrem, em muitos locais, com salários baixos, violência masculina, jornada excessiva de trabalho e desvantagens na carreira profissional. Muito foi conquistado, mas muito ainda há para ser modificado nesta história.
A mulher ao longo da história da humanidade sempre teve papel de desprezo e figurou em segundo plano nas sociedades antigas. Contudo, a mulher sempre se destacou como aquela que supera os paradigmas impostos sobre ela, pela cultura patriarcal e antropocêntrica. Essa herança de submissão e de coadjuvante na sociedade é justificada a partir do relato bíblico do mito criacionista cosmogônico, onde opiniões do mundo teológico dão conta da desobediência da mulher à ordem de Deus para que não comesse o fruto da arvore do conhecimento do bem e do mal. Porém ela come e dá também ao marido.
         Deus após fazer o homem, percebeu que algo estava errado, ou seja, que não era bom que o homem ficasse sozinho, então Deus fez também a mulher, para ser sua companheira, para ser sua auxiliadora, para administrar o Éden do lado do homem, uma gestão compartilhada. Caberia ao homem o papel de provedor do lar cultivando o Jardim, de orientador de sua mulher, de defensor de sua companheira, de defendê-la dos ataques do maligno, haja vista, Deus ter passado as ordens ao homem do que fazer no Éden, o homem era responsável por sua companheira, repito ‘responsável por sua companheira’.
       Desde então, as sociedades do antigo oriente e as judaico-cristãs, vêm justificando, o porquê de a mulher figurar como personagem frágil e submissa ao homem. Como teólogo, reconheço a autoridade da palavra de Deus em relação ao papel da mulher na família, na igreja e na sociedade. Mas também, reconheço a omissão do homem (Adão), em não obedecer às recomendações divinas, deixando seu bem maior (Eva) à mercê do inimigo, observando tudo de longe, não tomando posição de defensor, nem de protetor ou de orientador de sua herança sagrada, que era sua amada esposa, mas deixou que ela fosse enganada, passada para trás pelo diabo, manchando sua honra.
        Hoje, em tempos de pós-modernidade a mulher ocidental tem conquistado a benção de ser atuante na sociedade, a mulher hoje pode ser sim chamada de companheira, antes não; ela era somente uma coadjuvante, uma comparação entre os dois sexos não concorreria de modo algum a favor daquele que é considerado forte, pois este se omitiu em sua proteção no Éden e depois a acusou de erro. Acredito que Deus ao longo dos anos tem quebrado a maldição do Éden laçada sobre a mulher, dando-lhe o direito de atuar ao lado do homem. Parabéns mulheres de Deus, vocês são bênçãos em nossas vidas, feliz dia Internacional da Mulher.


       Professor Nilton Carvalho é Historiador, Especialista em Educação pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-Goiás), Teólogo e mestrando em Ciências da Religião. 
ndc30@hotmail.com;
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