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terça-feira, 23 de novembro de 2010


O bullying começa em casa

O objeto deste artigo é esclarecer pais, professores e alunos que o bullying é mais comum do que o que parece, pois o mesmo começa dentro dos próprios lares. Mas a situação não é para perplexidade como parece. O que precisa ser feito por parte de pais, alunos e educadores é reconhecer que isso é real e que todos os dias no ceio familiar acontece uma forma ou outra de bullying. As soluções são simples, práticas e de fácil execução por parte de todos é só ter boa vontade de mudar essa realidade começando pelo lar.
Não se pretende dizer aqui que combater o bullying é simples, mas acreditar sinceramente que, se poderá orientar à criança, os pais e os educadores controlarem e lidar com os autores do bullying de maneira eficaz, sim, é o que se crer. Bullying é um termo em inglês utilizado para descrever atos de violência física ou psicológica com repetição e intenção de ofender, praticados por um indivíduo (bully - «tiranete» ou «valentão») ou grupo de indivíduos com o objetivo de intimidar ou agredir outro indivíduo (ou grupo de indivíduos) incapaz (es) de se defender. Também existem as vítimas/agressoras, ou autores/alvos, que em determinados momentos cometem agressões, porém também são vítimas de bullying pela turma. Todavia, a discriminação, o preconceito, a intolerância e a homofobia, também são mecanismos diretos e indiretos do bullying.
No lar ele começa quando os pais colocam apelidos nos filhos, chamando-os de ‘rolha de poço’, ‘ceguinho’, ‘tartaruga’, ‘molenga’, ‘medroso’, ‘pangaré’, ‘mocinha’, ‘cabelo de mola’ e outros apelidos semelhantes. Os pais inconscientemente grafam nas mentes de seus filhos todas essas aberrações que eles reproduzirão em público e, o local mais propício é a escola. Na escola, professores e seus pares praticam a mesma coisa quando chamam seus alunos por apelidos também. Há casos que testemunhei de professores, porteiros, merendeiras, coordenadores etc., chamarem alunos de ‘passa fome’, ‘mulherzinha’, ‘homenzinho’, ‘chegou o senhor atrasado’, ‘maluquinho’, ‘quatro olhos’, ‘gaucho’, etc., então a conclusão que se chega é que nós mesmos enquanto sociedade que vive em família somos os causadores e criadores do bullying, só não reconhece isso quem não quiser.
O bullying é um problema mundial, podendo ocorrer em praticamente qualquer contexto no qual as pessoas interajam, tais como escola, faculdade/universidade, família, mas pode ocorrer também no local de trabalho e entre vizinhos. Há uma tendência de as escolas não admitirem a ocorrência do bullying entre seus alunos; ou desconhecem o problema ou se negam a enfrentá-lo.
As pessoas que testemunham o bullying, na grande maioria, alunos, convivem com a violência e se silenciam em razão de temerem se tornar as “próximas vítimas” do agressor. No espaço escolar, quando não ocorre uma efetiva intervenção contra o bullying, o ambiente fica contaminado e os alunos, sem exceção, são afetados negativamente, experimentando sentimentos de medo e ansiedade. As crianças ou adolescentes que sofrem bullying podem se tornar adultos com sentimentos negativos e baixa autoestima. Tendem a adquirir sérios problemas de relacionamento, podendo, inclusive, contrair comportamento agressivo. Em casos extremos, a vítima poderá tentar ou cometer suicídio.
Quem pratica as agressões geralmente são pessoas que têm pouca empatia, membros de famílias desestruturadas, em que o relacionamento afetivo entre seus componentes tende a ser escasso ou precário. Por outro lado, o alvo dos agressores geralmente são pessoas pouco sociáveis, com baixa capacidade de reação ou de fazer cessar os atos prejudiciais contra si e possuem forte sentimento de insegurança, o que os impede de solicitar ajuda. Por isso, conclui-se que é sim um problema que começa no lar e toma a sociedade. No Brasil, uma pesquisa realizada em 2010 com alunos de escolas públicas e particulares revelou que as humilhações típicas do bullying são comuns em alunos da 5ª e 6ª séries. As três cidades brasileiras com maior incidência dessa prática são: Brasília, Belo Horizonte e Curitiba.


Professor Nilton Carvalho é cabeleireiro, teólogo, historiador, especialista em educação pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás-(PUC), mestrando em Ciências da Religião pela Faculdade Teológica Moriah de Niterói-RJ. ndc30@hotmail.com; http://historiaeculturandc.blogspot.com/; http://reformaortografica2009puc.blogspot.com