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quarta-feira, 13 de janeiro de 2010


AVATAR: UMA GRANDE LIÇÃO DE RESPEITO AO OUTRO

Avatar é um filme épico de ficção científica, escrito e dirigido por James Cameron, o mesmo diretor de Titanic. Apesar de toda a exuberância tecnológica o roteiro é repleto de clichês, daqueles exibidos nos filmes mais simples que conhecemos. Por isso, não falta o mocinho que gosta de quebrar regras, todavia, talentoso, os cientistas com arrogantes e intensas atividades intelectuais, o militar linha dura, o empresário capitalista e sem escrúpulos, a garota corajosa, intelectual e amante do bem, uma história de amor e, no meio disso, várias tentativas de despertar na humanidade questionamentos sobre o respeito às diferenças culturais e suas diversidades e o cuidado com a consciência ambiental. Isso é o que mais impressiona no filme, a capacidade crítica e autônoma do diretor, em mostrar como o imperialismo estadunidense é podre, déspota e sem escrúpulos. Ele faz isso de um tipo muito certo deixando todo mundo torcendo por um final feliz. A ação prende de uma forma tão competente que a longuíssima duração é quase imperceptível. O filme vem estrelando Sam Worthington (Jake), Sigourney Weaver , Michelle Rodriguez, Zoe Saldana, Giovanni Ribisi e Joel Moore.
O filme foi produzido por Lightstorm Entertainment e distribuído pela Fox Film. A primeira exibição foi em Londres no dia 10 de dezembro de 2009, o lançamento nos EUA foi dia 18 de dezembro e no Brasil no dia 19. O filme concentra-se num conflito épico em Pandora, uma das luas de Polifemo (nomes oriundos da mitologia grega: Polifemo era um Ciclope – gigante de um só olho – vencido por Ulisses em uma de suas viagens a Tróia. Existiu ainda, outro Polifemo que era um dos Argonautas que ajudou Heracles a procurar Hilas e Mísia. Pandora – Πανδώρα - se refere na mitologia grega "a que tudo dá", "a que tudo possui" à primeira mulher, criada por Zeus como punição aos homens pela ousadia do titã Prometeu em roubar aos céus o segredo do fogo), portanto Pandora no filme é um dos três gigantes gasosos fictícios orbitando Alpha Centauri (por ser a estrela mais próxima e muito parecida com o Sol, Alfa Centauri “A” é tema constante da ficção científica: na série Perdidos no Espaço o destino original da nave Júpiter 2 era um planeta em torno de Alpha Centauri.
Em Pandora, os colonizadores humanos e os nativos humanóides, os Na’vi, entram em guerra pelos recursos do planeta e a continuação da existência da espécie nativa, algo parecido com o que aconteceu com nossos índios da América Latina e do Norte. O título do filme refere-se aos corpos humano-Na'vo geneticamente modificados e remotamente controlados e usados pelos personagens humanos do filme para interagir com os nativos, semelhante aquilo que os colonizadores fizeram ao aculturar a partir da religião praticamente exterminando os nativos das América.
James Cameron trabalha no desenvolvimento de Avatar desde 1994, tendo escrito um roteiro de 114 páginas, sendo esse seu primeiro filme após o Titanic. As filmagens deveriam ter iniciado logo após Titanic e o filme teria sido lançado em 1999. Em 2006, Cameron desenvolveu a língua e a cultura de Pandora, o Na'Vi é uma nova linguagem composta por sons guturais e conjugações esotéricas através da qual se comunicam os seres de pele azul que habitam a exuberante e espetacular selva tropical de Pandora. Esta linguagem foi imaginada e elaborada pelo lingüista Paul Frommer, professor da Universidade da Califórnia. Para inventar o Na'Vi, além dos dialetos elfo e klingon, o lingüista se inspirou no esperanto, o idioma criado no século 19 com o objetivo de facilitar a comunicação internacional. Cameron afirmou que se Avatar for bem sucedido, duas seqüências do filme serão realizadas.
O filme foi lançado em formatos 2D tradicional e 3D. A crítica diz que Avatar é uma inovação em termos de tecnologia cinematográfica devido ao seu desenvolvimento com visualização 3D e gravação com câmeras que foram feitas especialmente para a produção do filme. O orçamento oficial do filme foi de U$ 237 milhões e o faturamento mundial no seu fim-de-semana de estréia foi de US$ 232.180.000, o sétimo maior da história do cinema e o maior para um filme original, que não é adaptação ou seqüência. Uma curiosidade importante aqui é que esse é o primeiro longa-metragem de ficção de James Cameron desde o fenômeno Titanic (1997), e o primeiro filme em 3D do cineasta. Mas o que fica marcado no coração de quem o assiste, é a lição de respeito ao outro.

Nilton Carvalho é professor, teólogo, historiador e pós - graduando em educação pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC). ndc30@hotmail.com; http://historiaeculturandc.blogspot.com/

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