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sábado, 2 de maio de 2009



Nome social uma vitória contra a discriminação

Com educação inclusiva, democrática e de qualidade as escolas públicas e privadas podem fazer brasileiros melhores. A discriminação é um ato preconceituoso que uma pessoa pode exercer contra outra. Como uma opinião ou sentimento, favorável ou desfavorável, concebido sem exame crítico, conhecimento ou razão. Portanto, é coisa pensada, raciocínio elaborado, restrito aos adultos, certo? Errado. Nem as crianças estão imunes às múltiplas formas de discriminação. É por isso que o combate a todas as formas de preconceito deve ser prioridade desde os primeiros anos da educação infantil.
Prova disso, é a demorada conquista do direito do uso do nome social por travestis e transexuais nas escolas de Goiás e de Goiânia. É o que aconteceu no final do mês de março e início do mês de abril, como garante resolução aprovada pelo Conselho Estadual de Educação (CEE), que foi publicada e entrou em vigor dia 8 de abril de 2009. Donde, diários de classe e outros documentos escolares possuirão os nomes sociais escolhidos pela pessoa. A medida vale para as escolas de educação básica das redes estadual e particular de todo o Estado e das municipais, nas localidades onde não existir Conselho Municipal de Educação.
Essa medida trará de volta à sala de aula, gays, lésbicas, transexuais, travestis etc., que abandonaram os estudos por serem discriminados, acreditam o CEE, o Fórum de Transexuais de Goiânia e a associação de Gays, Lésbicas e Travestis (AGLT).
Pesquisas atuais dão conta de que mais de 10% dos travestis de Goiânia são completamente analfabetos e 27% sabem apenas escrever o próprio nome, mas não concluíram o ensino fundamental. Contudo, 30% relatam que não permaneceram na escola porque não eram respeitados por professores, diretores e colegas. O que é trágico, pois não podemos fingir que esse público não existe na sociedade.
A educação no Brasil é direito de todos e todas, independentemente da raça, religião, ideologia política e preferência sexual. O acesso a um ambiente que estimula o respeito à diversidade ajuda a formar jovens mais respeitadores, mais educados e mais preocupados com a coletividade. O que defendemos é uma educação na diversidade, e não, uma apologia à sexualidade, ou coisa semelhante, mas sim uma educação que educa para o respeito, para a tolerância entre os diferentes etc. Para começar é preciso deixar os clichês de lado, nada de acreditar que somos todos iguais, e pronto. Antes de mais, é essencial reconhecer que existem as diferenças, raciais, religiosas e de preferência sexuais na escola, e isso, deve ser observado desde a educação infantil. Contudo, educando para a boa convivência entre os diferentes.
Por último, o foco é o respeito à diversidade cultural e social. Infelizmente, muitas escolas reproduzem a discriminação racial, religiosa e sexual. Muitos professores não apresentam propostas pedagógicas para se contrapor a essas situações infelizmente, até porque, representam um modelo de sociedade judaico-cristã e patriarcal-androcentrica, que ditam modelos de comportamentos, pregam raça eleita e raças rejeitadas, proíbem ainda a liberdade sexual e negam o papel da mulher. Não conhecendo a realidade da sociedade que é reproduzida no ceio da escola, ou seja, somos diferentes na cor, religião etc., temos preferências diferentes, vivemos em sociedade plural, e esse nazismo de raça e sociedade superior e igual ficou sem sentido para os dias hodiernos, pois a escola, a rua, o shopping etc., etc., são lugares cosmopolitas. Portanto, nossas práticas, raças, preferências sexuais e atitudes devem ser como tais respeitadas e toleradas, para a boa convivência e é isso que o uso do nome social nas escolas pretende e propõe.

Nilton Carvalho é professor Cabeleireiro, Teólogo, Historiador, e Pós - Graduando em Docência Universitária pela Universidade Católica de Goiás. ndc30@hotmail.com

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