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sábado, 2 de maio de 2009



O Clube do Imperador

A educação tem como papel principal libertar o indivíduo da visão estreita e irracional. A universidade e a escola são lugares de rupturas com tradições familiares, religiosas e políticas, com a ignorância e a estupidez. Causar essas rupturas é função do professor e do ensino curricular das instituições de educação. Por isso, propomos analisar a relação pais-filhos e professor-aluno em nosso artigo de hoje, a partir do filme “O Clube do Imperador” do diretor Michael Hoffman, que tem como atores principais Kevin Kline e Emile Hirsch. Donde podemos perceber pelo drama cinematográfico, quando só educar intelectualmente não basta, contudo, a presença dos pais no processo educativo de seus filhos é tão importante quanto à presença do educador. O filme é recomendado para pais, professores e estudantes que pretendem usar a psicologia para entender melhor o ser humano, as relações da família e a educação.
No filme o Clube do Imperador, o professor Handert (Kelvin Kline), cumpre muito bem o seu papel de educador. Seu objeto é quebrar paradigmas e levar seus alunos a uma contemplação do etos das civilizações greco-romanas. Contudo, parece que só educar não basta no contexto daquela instituição de ensino (Escola de Sant Benedict), pois as relações de confiança, de obediência aos preceitos da instituição e da autonomia do professor são confrontadas por um aluno indisciplinado, Sedgewick Bell (Emile Hirsch). Filho de um importante senador estadunidense, que também, era um dos maiores mantenedores daquela escola, todavia não se importava com princípios éticos, morais e pedagógicos, mesmo quando há falsa impressão de se importar. O garoto mantinha um relacionamento sem diálogo nem tampouco de carinho e afetividade com o pai, apesar de suas tentativas de aproximação, talvez por isso sua vida fosse norteada sem limites e irresponsável. Percebe-se, então, que a ausência dos pais na intimidade dos filhos não é uma atitude recomendável, isso dá às crianças uma sensação de vida sem limites e sem necessidade de prestar contas a alguém. Os pais devem fazer parte da vida dos filhos, devem ajudá-los em suas dificuldades, precisam ouvi-los, orientá-los e serem seus parceiros. No entanto, os pais terão a obrigação de ser exemplos para seus filhos, devem ler bons livros, assistir bons programas na televisão, ouvir boa música e lembrar que os exemplos valem mais que as palavras.
No filme, por exemplo, o personagem-aluno se utiliza de seu status, e acaba quebrando todos os critérios pré-estabelecidos por sua escola e por seu professor. Isso acarreta a ele, uma formação moral, ética e humana distorcida daquela que seu professor tentou lhe passar. Nesse desafio, o professor acaba desonestamente forjando a classificação no concurso Senhor César, desviando-se de seu caráter reto para tentar aproximar-se de Bell e passar-lhes seus conceitos. Percebendo, porém, que apesar de alguns poucos avanços não consegue mudar o caráter do aluno, o professor entra em conflito interno sobre o que são vitórias e derrotas. Esse conflito se torna mais profundo quando se decepciona, ao perceber que mesmo entre os mestres da escola, a esperteza se sobrepõe à retidão de caráter e à honestidade. Quando chega a sua chance de galgar o cargo máximo, é preterido como diretor. A escolha recai sobre alguém bem mais jovem que ele, e que tinha como principal habilidade conseguir dinheiro para sustentar o colégio.
O filme nos mostra que o ser humano será sempre imperfeito. A falta de caráter e a desonestidade existem em todos os lugares e, até mesmo pessoas que sempre seguem esses princípios podem – uma hora ou outra – ter algum deslize. Há necessidade, como seres humanos, de nos renovarmos todos os dias. Ao acordarmos de manhã, necessitamos reafirmar nossos votos de retidão de caráter, justiça e fidelidade aos nossos princípios.
Todavia, o Clube do Imperador nos mostra a realidade das instituições de ensino brasileiras, quer seja pública ou privada, alunos, professores e dirigentes em grande maioria digladiam-se por poder e status por pura vaidade. As conseqüências são alunos sem qualificação, antiéticos, amorais, despreparados e mal formados.
Por último, ética, moral e sociabilidade pouco importava para o personagem-aluno, exatamente tudo aquilo que seu professor o homem que mais lhe deu crédito e atenção, gostaria que ele tivesse. Diferentemente de seu pai, por exemplo, que lhe ignorou a vida inteira. Por isso reafirmamos que nem sempre só educação intelectual basta para moldar o ser humano, a educação da família também é importante nesse processo, talvez, muito mais importante que a educação da escola. Conclui-se com o filme, que por melhor que seja a escola ou o professor, o caráter e a personalidade são moldados pelo “berço” e, no decorrer da vida, os meios podem interferir, porém, o que de fato fica, são os exemplos – bons ou ruins – que recebemos de nossos pais.


Nilton Carvalho é Professor, Teólogo, Historiador e Pós - Graduando em Docência Universitária pela Universidade Católica de Goiás. ndc30@hotmail.com

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